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Intolerância

Conversões religiosas mostram profunda divisão sectária no Egito

Muçulmano fazendo suas preces: desde a queda de Mubarak já foram registrados cerca de 500 casos de conversões de mulheres cristãs ao islamismo | Navesh Chitrakar/Reuters
Muçulmano fazendo suas preces: desde a queda de Mubarak já foram registrados cerca de 500 casos de conversões de mulheres cristãs ao islamismo (Foto: Navesh Chitrakar/Reuters)
As mãos de um menino muçulmano durante orações do mês de jejum mês sagrado do Ramadã |

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As mãos de um menino muçulmano durante orações do mês de jejum mês sagrado do Ramadã

Em um caso, um egípcio cristão esfaqueia a esposa após ela se converter ao islamismo. Depois, após se entregar para a polícia, ele morre em circunstâncias misteriosas, caindo de uma janela do prédio do tribunal. Mais ou menos no mesmo período, uma muçulmana em outra pequena vila se converte para o cristianismo e foge com um cristão. Uma multidão de muçulmanos ataca a igreja local. Ninguém é processado, mas a polícia prende a família do cristão.

Esses dois exemplos recentes ocorridos no sul do Egito ilustram as profundas sensibilidades que envolvem a conversão religiosa na conservadora sociedade local. Eles também mostram a forma discrepante como os casos foram tratados. Os cristãos dizem que os radicais muçulmanos elevaram os esforços para converter mais pessoas ao islamismo.

Cristão esfaqueia esposa que virou muçulmana

Enquanto isso, os raros casos de muçulmanos que se convertem ao catolicismo geralmente provocam reações violentas contra esses indivíduos.

Situações como essas têm aumentado os temores dos cristãos, em meio à crescente influência dos muçulmanos desde a queda do presidente Hosni Mubarak, em 2011. No governo de Mubarak, havia dois ou três casos por mês de cristãos que se convertiam ao islamismo, segundo Ibram Louiz, um ativista que acompanha casos de conversão e desaparecimento de mulheres cristãs. Louiz estima que já foram registrados quase 500 casos de conversão de mulheres cristãs ao islamismo desde a queda de Mubarak. – 25% deles envolveram garotas com menos de 18 anos, que geralmente acabam sendo obrigadas a se casar com muçulmanos mais velhos.

As conversões públicas ao cristianismo são muito mais raras. Tecnicamente, não é ilegal que um muçulmano se torne cristão, mas sob as leis islâmicas isso pode ser punido com a morte. Nas últimas décadas, entretanto, o convertido geralmente foi preso por insultar a religião, ameaçar a segurança nacional ou sob outras acusações.

Entre cristãos e muçulmanos, as famílias geralmente ficam devastadas quando um de seus membros muda de religião. Muitas vezes questões de honra vêm à tona quando a conversão envolve uma filha ou esposa. O que começou como um drama doméstico se transforma facilmente em tensões sectárias. Em 2011, por exemplo, uma igreja cristã no Cairo foi incendiada por muçulmanos que estavam determinados a proteger uma mulher que estaria presa no local após ter se convertido ao islamismo.

A família de Romani Farhan Amir, um pobre trabalhador cristão, diz que ele não teve muita opção quando sua esposa entrou em uma delegacia de polícia na cidade de Assiut acompanhada por membros do grupo linha-dura Gamaa Islamiya para registrar sua conversão ao islamismo. Na ocasião o marido disse à polícia que não queria mais que a esposa se aproximasse dos quatro filhos do casal.

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