Violência
Igreja é depredada porque cristão casou com islamita que se converteu
Uma segunda história de conversão mostra uma situação bem diferente. Na província de Beni Suef, uma muçulmana de 22 anos teria se convertido e fugido com um cristão copta pelo qual se apaixonou. Em retaliação, um grupo de muçulmanos atirou pedras e bombas de fabricação caseira contra a Igreja Mar Girgis depois de o pai de Rana el-Shenawi ter dito que o padre local usou de bruxaria para convertê-la.
"Nós queremos defender o Islã. Não podemos ver nossas filhas serem sequestradas e convertidas ao cristianismo", diz um panfleto distribuído na cidade. Dez pessoas foram detidas inicialmente pelo ataque à igreja, mas acabaram sendo liberadas. Enquanto isso, a polícia prendeu o pai, a mãe e um primo de Ibram Andrews, o cristão copta que teria fugido com Rana. Eles são acusados de ter ajudado no sequestro, incitar violência sectária, perturbação da ordem pública e blasfêmia.
Grupos salafitas, enquanto isso, iniciaram uma campanha nacional contra o que seria uma conspiração estrangeira para converter muçulmanos. Até mesmo o Parlamento entrou na história, com uma audiência especial para cuidar do caso de Rana. Os debates acabaram virando uma acalorada discussão entre muçulmanos e cristãos.
Na cidade de Rana, o padre Angelos diz não entender porque sua igreja foi acusada do desaparecimento da jovem. Andrews, o suposto namorado, nunca participou de missas ali e morava a 40 quilômetros de distância. "Aqui, os boatos rapidamente se transformam em fatos. Os ataques a igrejas continuam a acontecer porque os culpados ficam impunes. Em geral, nós cristãos sofríamos durante o governo de Mubarak, mas isso nem se compara com o que está acontecendo agora", afirma.
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Em um caso, um egípcio cristão esfaqueia a esposa após ela se converter ao islamismo. Depois, após se entregar para a polícia, ele morre em circunstâncias misteriosas, caindo de uma janela do prédio do tribunal. Mais ou menos no mesmo período, uma muçulmana em outra pequena vila se converte para o cristianismo e foge com um cristão. Uma multidão de muçulmanos ataca a igreja local. Ninguém é processado, mas a polícia prende a família do cristão.
Esses dois exemplos recentes ocorridos no sul do Egito ilustram as profundas sensibilidades que envolvem a conversão religiosa na conservadora sociedade local. Eles também mostram a forma discrepante como os casos foram tratados. Os cristãos dizem que os radicais muçulmanos elevaram os esforços para converter mais pessoas ao islamismo.
Cristão esfaqueia esposa que virou muçulmana
Enquanto isso, os raros casos de muçulmanos que se convertem ao catolicismo geralmente provocam reações violentas contra esses indivíduos.
Situações como essas têm aumentado os temores dos cristãos, em meio à crescente influência dos muçulmanos desde a queda do presidente Hosni Mubarak, em 2011. No governo de Mubarak, havia dois ou três casos por mês de cristãos que se convertiam ao islamismo, segundo Ibram Louiz, um ativista que acompanha casos de conversão e desaparecimento de mulheres cristãs. Louiz estima que já foram registrados quase 500 casos de conversão de mulheres cristãs ao islamismo desde a queda de Mubarak. 25% deles envolveram garotas com menos de 18 anos, que geralmente acabam sendo obrigadas a se casar com muçulmanos mais velhos.
As conversões públicas ao cristianismo são muito mais raras. Tecnicamente, não é ilegal que um muçulmano se torne cristão, mas sob as leis islâmicas isso pode ser punido com a morte. Nas últimas décadas, entretanto, o convertido geralmente foi preso por insultar a religião, ameaçar a segurança nacional ou sob outras acusações.
Entre cristãos e muçulmanos, as famílias geralmente ficam devastadas quando um de seus membros muda de religião. Muitas vezes questões de honra vêm à tona quando a conversão envolve uma filha ou esposa. O que começou como um drama doméstico se transforma facilmente em tensões sectárias. Em 2011, por exemplo, uma igreja cristã no Cairo foi incendiada por muçulmanos que estavam determinados a proteger uma mulher que estaria presa no local após ter se convertido ao islamismo.
A família de Romani Farhan Amir, um pobre trabalhador cristão, diz que ele não teve muita opção quando sua esposa entrou em uma delegacia de polícia na cidade de Assiut acompanhada por membros do grupo linha-dura Gamaa Islamiya para registrar sua conversão ao islamismo. Na ocasião o marido disse à polícia que não queria mais que a esposa se aproximasse dos quatro filhos do casal.
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