Policial observa um parlamento destruído: resultado da ofensiva israelense em Gaza no mês de janeiro| Foto: Yannis Behrakis / Reuters

É "muito improvável" que o governo israelense coopere com uma investigação internacional por meio da qual a Organização das Nações Unidas (ONU) pretende apurar se Israel e o grupo islâmico Hamas cometeram crimes de guerra durante a recente ofensiva do Estado judeu contra Gaza. O Hamas, por sua vez, informou que pretende cooperar com os investigadores da ONU.

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Organizações locais e internacionais de defesa dos direitos humanos afirmam ter fortes suspeitas de que ambos os lados tenham cometido crimes de guerra durante as três semanas de conflito.

De acordo com diversas entidades, o Hamas, que governa Gaza, deve ser investigado por disparos indiscriminados de foguetes contra áreas civis israelenses e pelo uso de civis palestinos como escudos humanos. Já Israel é suspeito de ter usado artilharia imprecisa e bombas de fósforo branco contra áreas densamente povoadas de Gaza, prosseguem os mesmos grupos.

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O grupo Human Rights Watch (HRW), sediado em Nova Iorque, vinha conclamando os dois lados a colaborarem. A entidade suspeita que tanto Israel quanto o Hamas tenham cometido crimes de guerra durante a ofensiva israelense, iniciada nos últimos dias de 2008 e encerrada em janeiro deste ano.

A investigação da ONU, ordenada em janeiro pelo Conselho de Direitos Humanos da entidade, será chefiada pelo magistrado sul-africano Richard Goldstone, ex-procurador-chefe para crimes de guerra na Iugoslávia e em Ruanda.

Israel acusa o Conselho de Direitos Humanos de agir parcialmente contra o Estado judeu e normalmente recusa-se a colaborar com seus investigadores, apesar de não ter manifestado nenhuma restrição específica ao magistrado.

Goldstone, de 70 anos, é judeu e mantém estreitos laços com Israel, mas ganhou fama por sua imparcialidade.

O HRW, que no passado criticou decisões do conselho envolvendo Israel, considerou em recente carta à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e a 27 chanceleres europeus que Goldstone possui "a experiência e o comprometimento necessários para assegurar que o inquérito tenha um alto padrão de imparcialidade".

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A fonte israelense informou nesta quarta que Tel-Aviv enviou sua resposta à ONU na semana passada, mas conversou sob a condição de anonimato porque ainda não está claro se Goldstone já foi oficialmente informado.

A recusa israelense em trabalhar com Goldstone levanta questões sobre se ele realmente conseguirá desempenhar sua missão. Os investigadores da ONU ainda não revelaram quando pretendem visitar a região, mas a cooperação israelense é essencial para que eles consegam acesso a informações cruciais para o inquérito

No mês passado, o grupo Centro Palestino de Direitos Humanos divulgou a identidade de 1.417 palestinos mortos durante uma ofensiva militar israelense contra Gaza.

De acordo com a organização, 926 dos 1.417 mortos eram civis. Estimativas anteriores sugeriam que pelo menos a metade dos mortos nas ações militares israelenses era civil. Também morreram 236 milicianos e 255 integrantes das forças locais de segurança, segundo o levantamento.

Dias depois, o Exército de Israel contestou as denúncias de que a maior parte dos mortos fosse composta por civis. Segundo as forças armadas israelenses, uma investigação determinou que 1 166 pessoas morreram em Gaza durante a ofensiva.

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Ainda de acordo com o Exército de Israel, 709 militantes do Hamas morreram e o número de civis que perderam a vida seria de pouco menos de 300. O anúncio não esclareceu se as outras 162 pessoas mortas eram combatentes ou civis.

O Centro Palestino de Direitos Humanos informou que investigou uma a uma todas as mortes de civis antes de divulgar os nomes das vítimas e publicou a lista na internet.

O Exército de Israel, por sua vez, não forneceu a lista dos mortos, mas assegura que as informações são baseadas em "fontes de inteligência" e afirma que os nomes das vítimas foram cuidadosamente pesquisados.

O alto número de civis mortos no lado palestino desencadeou muitas críticas contra Israel por parte da comunidade internacional. Treze pessoas morreram no lado israelense, sendo dez militares e três civis. As informações são da Associated Press

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