As negociações internacionais sobre mudanças climáticas terminaram neste domingo (15), sem que os participantes tenham chegado a um acordo sobre como regular os mercados globais de carbono. Apesar de manter as mais longas negociações climáticas já realizadas em quase 25 edições anuais, as conversas deixaram uma das questões mais espinhosas para a próxima cúpula, a ser realizada no ano que vem.
Em duas semanas de discussões, delegados de quase 200 países reunidos em Madri aprovaram apenas declarações pedindo maior ambição no corte das emissões de gases de efeito estufa e em ajudar países pobres que sofrem os efeitos das mudanças climáticas.
Os mercados de carbono colocam um preço à emissão de dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa, e permitem que países ou empresas negociem licenças de emissão que podem ser constantemente reduzidas, incentivando a adoção de tecnologias de baixa emissão.
Representantes de países europeus disseram que nenhum acordo sobre como regular a troca de créditos de carbono era melhor do que um acordo fraco que poderia prejudicar uma dúzia de mecanismos regionais de carbono existentes. "Felizmente, as regras fracas de um mecanismo baseado no mercado, promovidas pelo Brasil e pela Austrália e que minariam os esforços para reduzir as emissões, foram arquivadas", disse o diretor do grupo Power Shift Africa, Mohamed Adow.
As negociações em Madri foram acompanhadas diversas vezes por protestos de grupos indígenas e ambientalistas, que refletiram a crescente frustração com o ritmo lento dos esforços dos governos para conter as mudanças climáticas.
O que já foi aprovado
Entre os documentos que foram aprovados neste domingo está a declaração "Hora de Ação Chile-Madri", pedindo aos países que melhorem suas atuais promessas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Isso é necessário para se alinhar à meta do Acordo de Paris, de 2015, de evitar um aumento da temperatura global em mais de 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit) até o final do século. Até agora, o mundo está a caminho de um aumento de 3 a 4 graus Celsius, com consequências potencialmente dramáticas para muitos países.
Os países também concordaram em designar fundos para os países mais vulneráveis ao aquecimento global, para compensá-los pelos efeitos de eventos climáticos extremos, uma das questões mais prementes para os pequenos estados insulares.
Mas grupos e ativistas ambientais acusaram os países mais ricos do mundo de mostrar pouco comprometimento em enfrentar seriamente as mudanças climáticas. "O Acordo de Paris pode ter sido vítima de atropelamento por um punhado de economias poderosas de carbono, mas elas estão do lado errado dessa luta, do lado errado da história", disse a diretora executiva do Greenpeace International, Jennifer Morgan. "Bloqueadores climáticos como o Brasil e a Arábia Saudita, possibilitados por uma liderança chilena irresponsável e fraca, venderam acordos de carbono e passaram por cima de cientistas e sociedade civil", acrescentou.
O Chile presidiu as negociações, embora a cúpula tenha sido transferidas para Madri, em meio a violentos protestos antigovernamentais no território chileno. Apesar da pressão para obter um resultado positivo, os ativistas criticaram o governo chileno do presidente Santiago Pinera por manter em operação as usinas a carvão até 2040.
Helen Mountford, do World Resources Institute, um grupo de especialistas em meio ambiente, disse que as conversas "refletem como os líderes de países estão desconectados da urgência da ciência e das demandas de seus cidadãos nas ruas". "Eles precisam acordar em 2020", acrescentou.
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