Plenária de encerramento da COP26, realizada neste sábado (13)| Foto: Kiara Worth/UNFCCC
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Depois de três rascunhos e em meio à dificuldade de consenso, a COP-26 chegou a um acordo final sobre a descarbonização do planeta neste sábado (13). O documento, assinado pelos 197 países participantes da conferência, deveria ter sido divulgado na sexta-feira (12), quando foi encerrada a programação do evento em Glasgow, na Escócia, mas os debates foram estendidos em um dia em razão de divergências entre as partes.

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Mudanças no acordo realizadas ao longo da semana foram criticadas por ambientalistas, que já consideravam insuficiente a primeira minuta, divulgada na quarta-feira (10).

Um dos principais avanços da COP-26 foi a conclusão do artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê a regulamentação do mercado de carbono entre países desde 2015. Foi acordada a regra dos ajustes correspondentes nas chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de compradores e vendedores.

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Houve pressão de países emergentes para que um porcentual das transações ajudasse a financiar a adaptação de países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, o que acabou não entrando no acordo, após resistências de Estados Unidos e União Europeia.

No pacto, apenas negociações entre empresas e ONGs devem ter um porcentual de 5% sobre o valor das operações destinado ao fundo de adaptação.

Embora suavizado já na segunda versão do texto, foi mantida no documento final a referência à redução do uso de carvão e demais combustíveis fósseis. É a primeira vez que o assunto é incluído em um acordo climático global.

Na primeira proposta, convocava-se os estados-membros a “acelerar a eliminação do carvão e de subsídios para combustíveis fósseis”. Países produtores de carvão, petróleo e gás, como Arábia Saudita, China, Rússia e Austrália, buscavam retirar esse item, mas acabaram cedendo às pressões.

Na segunda versão, a redação foi alterada para “acelerar o desenvolvimento, implantação e disseminação de tecnologias e a adoção de políticas para a transição para sistemas de energia de baixa emissão, incluindo o aumento rápido da implantação de geração limpa de energia e medidas de eficiência energética, incluindo a aceleração de esforços no sentido de eliminar progressivamente a energia irrestrita de carvão e subsídios ineficientes para combustíveis fósseis, reconhecendo a necessidade de apoio para uma transição justa”.

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No texto final, por pressão de países como China, Índia e Irã, a expressão “eliminar” foi substituída por “reduzir”.

Entre outros pontos, o documento reafirma a meta global de impedir o aumento da média de temperatura abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e de investir esforços para limitar essa alta em 1,5°C.

Reconhece que limitar o aquecimento global em 1,5°C até 2100 demanda reduções “rápidas, profundas e sustentadas nas emissões de gases do efeito estufa, incluindo de dióxido de carbono em 45% até 2030, em relação ao nível de 2010, e para zero em meados do século”.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira (9) por uma coalizão de organizações, afirma que o aumento da temperatura global chegará a 2,4°C até o fim deste século caso sejam mantidos os objetivos de curto prazo estabelecidos pelos países. Considerando as políticas executadas de fato, o aquecimento projetado é de 2,7°C.

Os países-membros são ainda convocados a “revisitar” e “reforçar” até o fim de 2022 seus compromissos nacionais de redução de emissões “tendo em conta as diferentes circunstâncias nacionais”.

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O acordo reconhece que as mudanças climáticas “já causam e irão causar perdas e danos e que, à medida que as temperaturas aumentam, os impactos do clima e dos extremos meteorológicos, assim como os eventos de início lento, constituirão uma ameaça social, econômica e ambiental cada vez maior”.

As nações ricas haviam se comprometido, em 2009, a financiar US$ 100 bilhões anualmente para a mitigação do aquecimento global até 2020, porém o objetivo não foi cumprido. O acordo da COP-26 menciona o fato “com profundo pesar” e acolhe promessas feitas por várias das partes envolvidas de aumentar os investimentos.

Países desenvolvidos são instados a “pelo menos dobrar a provisão coletiva para o financiamento de adaptação climática de países em desenvolvimento dos níveis de 2019 até 2025”, conforme mencionado no Acordo de Paris.