Unterbach é considerado um bairro de classe média alta da cidade de Düsseldorf, Alemanha. Em um prédio branco de apenas seis apartamentos, morava Andreas Lubitz, apontado pela Promotoria de Marselha como responsável pela queda do Airbus A320 com o voo 4U-9525, que ia de Barcelona, Espanha, para Düsseldorf na terça-feira (24).
O copiloto da Germanwings dividia o apartamento com uma mulher, que seria sua namorada.
O bairro é cercado por uma floresta e fica próximo a um lago, um ponto turístico da região de Düsseldorf. Muitos moradores utilizam as trilhas da floresta para praticar esportes, como corrida, o que próprio Lubitz costumava fazer.
“A imobiliária que vendeu o apartamento onde o copiloto morava o descreveu na época como sendo ‘a casa dos sonhos’“, diz moradora que reside no bairro há mais de 30 anos e preferiu falar sob condição de anonimato.
Em Unterbach, Lubitz parece ter deixado poucos rastros. O copiloto da Germanwings trocava poucas palavras com os habitantes do bairro. “Ele era uma pessoa muito discreta e pouco visto por aqui”, diz Ursula Moosig, 64, que mora no prédio ao lado do copiloto.
Ursula viu Lubitz pela última vez há duas a três semanas. “Ele parecia normal, apenas acenou de dentro do carro, como fazia geralmente”, diz.
Ela o via normalmente saindo da garagem do prédio e, às vezes, acompanhado de uma mulher. A vizinha de 64 anos não considerava o copiloto uma pessoa grosseira, apenas silenciosa.
Já seu marido, Dieter Moosig, 77, tinha outra impressão. “Acenava para ele quando o via passar e, às vezes, ele nem respondia. Depois de um tempo, parei de tentar contato”, relata o morador.
O casal ficou sabendo que seu vizinho de bairro era apontado como responsável pela morte de 149 pessoas quando chegaram em casa na quinta-feira (26) à noite.
Quando tentaram entrar em sua rua, foram parados por policias pedindo por uma identificação.
Depois de passar pelo cerco policial, ligaram a televisão de casa e souberam que o Lubitz do prédio ao lado era o mesmo envolvido na queda do avião da Germanwings.
“Fiquei chocada em saber que ele morava tão perto. Ainda me arrepio toda vez que penso nisso”, relata Ursula.
O casal conta que nunca viu o copiloto receber visitas, fazer churrasco com amigos ou dar festas em sua casa, ao contrário de outros moradores da rua. Ursula e Dieter não sabiam da profissão de Lubitz.
Assim como o dono da pizzaria Da Paola, onde o copiloto costumava comprar pizzas e para levar para casa.
Habib Hassami conta que Lubitz era uma pessoa educada e simpática. “Eu sempre o via com um sorriso no rosto”, afirma.
O dono do estabelecimento ficou sabendo que seu cliente era acusado de derrubar o avião quando jornalistas o questionaram e mostraram uma foto do copiloto.
No prédio em que Lubitz morava, os vizinhos se recusaram a falar com a imprensa.
O bairro de Unterbach tenta seguir seu cotidiano normalmente, apesar da quantidade de repórteres nas ruas e do choque em saber que alguém aparentemente normal possa ser responsável por uma tragédia.
Tratamento
O Hospital de Clínicas da Heinrich-Heine-Universität Düsseldorf publicou nota na tarde de sexta-feira (27) afirmando que Lubitz foi paciente na instituição de fevereiro a 10 de março deste ano, duas semanas antes do acidente.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do hospital, o copiloto não foi tratado para depressão. Ele procurou a clínica para fazer exames para esclarecer um diagnóstico.
Mais detalhes sobre a doença de Lubitz não foram divulgados por causa da obrigação de confidencialidade médica. Sua ficha médica foi entregue à Promotoria de Düsseldorf.