O terremoto que devastou a Indonésia no fim de semana abalou a antiga capital real de Java, mas não provocou grandes danos na cidade, centro cultural e educacional que já resistiu a outros desastres, tanto naturais quanto provocados pelo homem.
Yogyakarta, cidade de meio milhão de habitantes que abriga um palácio erguido há séculos e é governada há muito tempo por descendentes da família real indonésia, foi despertada ao amanhecer do sábado pelo terremoto de 6,3 graus.
Horas mais tarde, porém, ficou claro que a antiga capital da Indonésia escapou relativamente ilesa: o tremor, cujo epicentro estava no Oceano Índico, destruiu poucas casas da cidade.
A região de Bantul da província de Yogyakarta, 20 quilômetros ao sul da cidade, foi a mais afetada pelo terremoto, com dezenas de povoados reduzidos a escombros, milhares de pessoas mortas e muitas outras feridas.
- Apenas 10 por cento da cidade de Yogyakarta foi afetada, incluindo o palácio, que sofreu poucos danos. As áreas mais atingidas estão fora da cidade - anunciou o secretário da província, Bambang Susanto Priyohadi.
Um funcionário do palácio, Gusti Hadi, disse que foi destruído um pavilhão do palácio que abriga vários tesouros, incluindo instrumentos musicais tradicionais e uma carruagem usada pelo primeiro sultão de Yogyakarta.
O palácio foi construído em 1755 por um príncipe indonésio que se atribuiu o título de sultão. Seus descendentes continuam até hoje a governar a província, hoje um distrito autônomo subordinado à capital moderna da Indonésia, Jacarta, situada 440 quilômetros ao oeste.
Yogyakarta foi o centro das forças rebeldes que combateram o domínio holandês, pouco antes de a Indonésia conquistar sua independência, em 1949. A cidade fica à sombra do monte Merapi, um vulcão que já deixou milhares de mortos em diversas erupções ao longo dos séculos.
A cidade conserva seu encanto antigo, sendo imbuída de um clima místico. Muitos de seus habitantes muçulmanos fundem sua religião com o espiritualismo tradicional javanês.
As linhas telefônicas, a fiação elétrica e as redes a cabo já foram restauradas em toda a cidade, e na segunda-feira a maioria das escolas e muitas lojas já estavam abertas.
Muitos estrangeiros costumam ir a Yokyakarta para conhecer o modo de vida indonésio tradicional e aprender a língua nacional, embora os moradores da cidade prefiram falar o javanês.
Estudantes de todo o país frequentam as muitas universidades de Yokyakarta. Horas depois do terremoto, muitos deles já eram vistos ajudando nos hospitais, nos postos de coleta de ajuda e na área de Bantul.
- Tenho certeza de que a força cultural de Yogyakarta vai resistir a este desafio - disse Priyohadi. - Os moradores da cidade estão se recuperando rapidamente e estão muito dispostos a ajudar.
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