Pequim A Coréia do Norte aceitou ontem retornar à mesa de negociações para rever seu programa nuclear mais de um ano depois de tê-las abandonado e três semanas depois de realizar seu primeiro teste nuclear. O presidente George W. Bush declarou-se muito satisfeito com os progressos obtidos, assim como o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Gordon Johndroe, cuja manifestação foi efusiva. "Damos as boas-vindas ao anúncio e estamos ansiosos por retomar as conversações em breve", afirmou Johndroe.
Depois de várias semanas de negociações diplomáticas, um encontro realizado ontem, em Pequim, entre a Coréia do Norte, norte-americanos e chineses, por iniciativa destes últimos, tornou possível desbloquear a situação. Segundo o ministério chinês das Relações Exteriores, os três chefes de delegação, Wu Dawei, da China; Kim Kye-Gwan, da Coréia do Norte; e Christopher Hill, dos Estados Unidos, decidiram, depois de um encontro informal, retomar as negociações. De acordo com Hill, as discussões multilaterais sobre o programa nuclear norte-coreano, estancadas há mais de um ano, serão reiniciadas durante o mês de novembro, sendo que Pyongyang não impôs qualquer condição para voltar às negociações.
"Achamos que isso será possível no próximo mês, em novembro, talvez em dezembro", declarou Hill na capital chinesa, depois de conversar com os negociadores norte-coreano e chinês.
Sem reservas
O representante norte-americano enfatizou que a Coréia do Norte não impôs qualquer condição para voltar às discussões sobre seu programa nuclear. Segundo ele, a Coréia do Norte reiterou seu compromisso, tomado no ano passado, de abandonar seus programas nucleares em troca de concessões.
Na última sessão de negociações entre a Coréia do Norte, Coréia do Sul, Rússia, Estados Unidos, China e Japão, em setembro de 2005, Pyongyang havia aceitado abandonar seus programas nucleares em troca de ajuda internacional e garantias de segurança. No entanto, o regime norte-coreano voltou atrás em suas promessas dois meses mais tarde, evocando as sanções financeiras dos EUA contra seu país.
Teste
No dia 9 de outubro, a Coréia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear, provocando protestos na comunidade internacional. Em represália, o Conselho de Segurança da ONU adotou sanções contra Pyongyang, em especial a proibição do comércio de materiais relacionados com armamento. Há uma semana, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Coréia do Norte havia enviado sinais de que estava disposta a voltar à mesa de negociações. "Compreendemos que há sinais indicando que a Coréia do Norte está disposta a voltar às negociações se seus interesses nacionais forem garantidos no que diz respeito à sua segurança e ao desenvolvimento de um programa nuclear civil", afirmou Putin.