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Soldados do Sul patrulham a zona desmilitarizada entre as duas Coreias quando a tensão na península se torna maior a cada dia | Kim Hong-Ji/Reuters
Soldados do Sul patrulham a zona desmilitarizada entre as duas Coreias quando a tensão na península se torna maior a cada dia| Foto: Kim Hong-Ji/Reuters

Bloqueio em área industrial continua

Há dois dias a Coreia do Norte impede a entrada de gerentes e de suprimentos no complexo industrial de Kaesong, que fica 9,6 quilômetros ao norte, na fronteira entre os dois países. O parque industrial é visto como um símbolo da cooperação entre as duas Coreias.

A medida deixa ainda mais tensas as relações entre os vizinhos, na medida em que Pyongyang continua a protestar contra os exercícios militares realizados na região por Estados Unidos e Coreia do Sul e contra o apoio às sanções impostas à Coreia do Norte pelo teste nuclear realizado em 12 de fevereiro.

O bloqueio elevou os temores sobre a segurança das centenas de trabalhadores sul-coreanos que ainda permanecem nas empresas, mas até agora Pyongyang não impediu a saída desses funcionários

"Se a situação exigir, estamos prontos para retirar os trabalhadores para um local seguro", declarou Ryoo aos jornalistas. "No que diz respeito à segurança dos funcionários, avaliamos que a situação não é muito perigosa, então podemos dizer que ainda não estamos considerando a hipótese de retirá-los de lá neste momento", afirmou.

Ryoo disse que o bloqueio é muito mais sério do que a proibição imposta durante três dias em 2009, também em protesto contra os exercícios militares conjuntos de Seul e Washington. "Um incidente semelhante ocorreu em 2009, mas a diferença é que o bloqueio [atual] ocorre depois de um teste nuclear norte-coreano e a anulação do acordo de armistício [da Guerra da Coreia] em 11 de março", disse. "Além disso, há a ameaça contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos, então, há uma grande diferença."

  • Artilharia de defesa dos EUA instalada em Osan, na cidade de Seul, capital sul-coreana

O governo da Coreia do Norte informou ontem que será incapaz de garantir a segurança das representações diplomáticas instaladas no país em caso de conflito, e sugeriu que a Rússia considere a hipótese de esvaziar sua embaixada em Pyongyang em razão das tensões na península coreana.

Após essas afirmações, a Casa Branca disse que não ficará surpresa se a Coreia do Norte promover algum teste de míssil, em meio a informações de que Pyongyang estaria movendo dois mísseis de médio alcance para sua costa leste.

Já a Coreia do Sul afirmou estar preparada para retirar centenas de seus cidadãos que trabalham no parque industrial, localizado em território norte-coreano, embora Seul tenha avaliado não haver necessidade de tomar a medida no momento, disse ontem o ministro sul-coreano para Reunificação, Ryoo Kihl-jae.

De acordo com um diplomata russo, "um representante do Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte sugeriu que a Rússia examine a possibilidade de retirar seus funcionários da embaixada russa". Na quinta-feira, a Rússia criticou as ações tomadas pelo governo norte-coreano.

Segundo a chancelaria britânica, o governo da Coreia do Norte "convidou embaixadas e organizações presentes a informarem até 10 de abril que tipo de assistência será necessária caso queiram ser retirados do país ou realocados em outro lugar".

Apesar da pressão do governo de Kim Jong-un, Rússia e Reino Unido disseram não ter planos de tirar seus embaixadores e funcionários do território norte-coreano. O mesmo afirmou a França e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Brasil

O Itamaraty disse ontem que pretende manter, por enquanto, a embaixada brasileira na Coreia do Norte em funcionamento. No local, estão o embaixador Roberto Colin e um funcionário. O Ministério das Relações Exteriores confirmou ainda ter recebido o aviso do governo norte-coreano de que todas as representações estrangeiras terão o apoio de Pyongyang se quiserem retirar seus funcionários do país.

Em situação de emergência, a embaixada brasileira pode passar a desempenhar as atividades em Dandong, na China, que fica a quatro horas por terra do território norte-coreano.

A Embaixada do Brasil em Pyongyang informou que os brasileiros que vivem no país são a mulher do embaixador palestino e a sua filha caçula, além do embaixador brasileiro, sua família e um funcionário administrativo.

PersonagemFidel Castro pede que os EUA e os norte-coreanos evitem entrar em guerra

O ex-presidente cubano Fidel Castro considera a tensão na Península Coreana uma das situações de mais grave risco de guerra nuclear desde a Crise dos Mísseis, em 1962, e afirma que a Coreia do Norte e os Estados Unidos têm o dever de evitar uma guerra na região.

As opiniões do ex-presidente foram manifestadas em artigo publicado pela mídia estatal cubana, interrompendo um hiato de quase nove meses de sua coluna "Reflexões de Fidel".

Segundo ele, a atual crise na Península Coreana é "inacreditável e absurda". Fidel lembra que a área geográfica em torno das Coreias abriga quase 5 bilhões dos 7 bilhões de seres humanos que habitam o planeta, mas enfatiza que, "se uma guerra eclodir, os povos de ambas as partes da península serão terrivelmente sacrificados, sem benefício para nenhum deles".

Por fim, o ex-presidente cubano recorre às relações amistosas entre Cuba e Coreia do Norte para pedir contenção a Pyongyang.

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