A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira (29) lançar um novo teste nuclear se o Conselho de Segurança não se desculpar por ter intensificado suas sanções, confirmando os receios de alguns analistas de que Pyongyang está determinada a construir um arsenal atômico.
A ameaça vem agravar a tensão crescente na Ásia oriental, desde que, em 5 de abril, a Coreia do Norte lançou um foguete que, segundo os EUA e alguns outros governos, foi um teste disfarçado de um míssil de longo alcance.
"No caso de (o Conselho de Segurança) não apresentar um pedido imediato de desculpas ... a RDPC (Coréia do Norte) será obrigada a tomar medidas adicionais de autodefesa para defender seus interesses supremos", teria dito o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores norte-coreano, segundo a agência de notícias KCNA.
"As medidas vão incluir testes nucleares e testes de disparos de mísseis balísticos intercontinentais."
Um representante do governo japonês pediu uma reação calma, e o primeiro-ministro japonês, Taro Aso, falando sem mencionar a ameaça mais recente, disse que o caminho a seguir são as prolongadas conversações de seis países sobre a Coréia do Norte, das quais Pyongyang se desligou.
"A Coreia do Norte se opõe fortemente à mensagem da comunidade internacional, e estamos levando em consideração a possibilidade de ela elevar as tensões", teria dito Aso ao premiê chinês, Wen Jiabao, em Pequim, segundo um funcionário do governo japonês.
"Mas achamos que é importante não reagir exageradamente e responder com calma", teria dito ele. "O Japão considera que as conversações entre as seis partes são o quadro mais realista para avançar com a desnuclearização da Coréia do Norte." As conversações envolvem o Japão, China, as duas Coreias, Rússia e Estados Unidos.
A Coreia do Norte lançou sua ameaça mais recentemente justamente antes do encontro em Pequim entre Aso e Wen, no qual Aso exortou a China, anfitriã das conversações entre os seis países, a "exercer um papel importante" com "a grande influência" que exerce sobre a Coreia do Norte.
A China é o que a Coreia do Norte tem que mais se aproxima de um grande aliado, mas um teste nuclear por Pyongyang seria visto como algo que desestabilizaria a região e provavelmente provocaria o antagonismo de Pequim.
As chancelarias sul-coreana e chinesa não comentaram a notícia imediatamente.
Um novo teste nuclear abalaria os mercados financeiros de Seul e Tóquio, mas o impacto teria curta duração, porque boa parte do risco já foi incluído nos cálculos dos mercados.
O Conselho de Segurança da ONU impôs sanções à Coreia do Norte após o lançamento de um míssil balístico em julho de 2006 e um teste nuclear realizado alguns meses mais tarde.
Depois do lançamento de foguete deste mês, o Conselho pediu que as sanções fossem intensificadas.
A empobrecida Coreia do Norte reagiu contra as medidas, dizendo que boicotaria as negociações entre os seis países em torno de seu desarmamento e reforçaria seu poder de dissuasão nuclear.
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