Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, criticou a postura do governo norte-coreano| Foto: Albert Gea/Reuters

Reações

"Crise atual já foi muito longe", diz secretário-geral das Nações Unidas

Agência Estado

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou estar "profundamente perturbado" com as crescentes tensões e disse que não havia necessidade de Pyongyang estar "numa rota de colisão com a comunidade internacional". "Ameaças nucleares não são um jogo", afirmou Ban durante uma entrevista coletiva em Andorra. "Crise atual já foi muito longe."

Vários países criticaram o anúncio de Pyongyang. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hong Lei, disse em sua coletiva de imprensa diária que a China "expressou seu pesar" a respeito da declaração norte-coreana. Hong afirmou que a situação na península coreana é "sensível e complexa" e pediu às autoridades relevantes que "mantenham as conversações e exercitem a contenção".

Lamentável

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores sul-coreano , Choi Tai-young, disse que o anúncio foi "muito lamentável". "Pedimos à Coreia do Norte que cumpra as promessas que fez no passado e dê continuidade à desnuclearização na península coreana", disse em coletiva de imprensa regular.

O Pentágono disse ontem que um segundo destróier será enviado para a região do oceano Pacífico. Além do USS John McCain, um navio de guerra para defesa contra mísseis balísticos, o USS Decatur, deixou a base nas Filipinas e será posicionado na península coreana.

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O governo da Coreia do Norte prometeu ontem reativar um reator nuclear que pode produzir material para uma bomba de plutônio por ano, intensificando as tensões já elevadas em razão das ameaças quase diárias contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul.

O reator de plutônio, localizado no complexo de Yongbyon, a 90 quilômetros de Pyongyang, foi fechado em 2007 como parte das negociações internacionais de desarmamento, paralisadas desde então.

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No ano seguinte, os norte-coreanos destruíram a torre de refrigeração, como parte do acordo que trocou o desarmamento por ajuda ao país.

Yongbyon é a única instalação nuclear norte-coreana conhecida, mas alguns especialistas suspeitam que o país tenha outros centros de enriquecimento de urânio.

A declaração da retomada da produção de plutônio — o combustível mais comum em armas nucleares — e de outras instalações do complexo nuclear de Yongbyon deve elevar os temores de Washington e seus aliados a respeito do tempo que a Coreia do Norte vai levar para construir um míssil com uma ogiva nuclear que possa chegar aos Estados Unidos, tecnologia que, acredita-se, o país ainda não possua.

Especialistas advertem que pode levar anos até que o reator produza material físsil suficiente para a fabricação de armas. Alguns acreditam que o anúncio pode ser uma nova tática de Pyongyang para tentar forçar o recebimento de ajuda e garantias de segurança dos Estados Unidos e de seus aliados, após a recente elevação da retórica de guerra.

Potencial nuclear

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Como as informações a respeito da Coreia do Norte são incertas, há especialistas que acreditam que o país tenha material físsil baseado em plutônio suficiente para doze pequenas bombas, mas não se sabe se os cientistas do país possuem a tecnologia para produzir bombas de urânio, embora haja especulações de que esse material foi usado no teste realizado em fevereiro.

Um porta-voz do Depar­tamento Geral de Ener­gia Atômica norte-coreano disse que cientistas iniciarão o trabalho numa instalação de enriquecimento de urânio e num reator moderado a grafite de 5 megawatts, que gera barras de combustível gastas associadas ao plutônio, e são o núcleo do complexo nuclear de Yongbyon.

A fonte, que não foi identificada, contou que a medida é parte dos esforços para resolver a severa falta de eletricidade do país, mas também para "reforçar o potencial nuclear armado tanto em qualidade quanto em quantidade", segundo comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Korean Central News Agency.