São Paulo - Após recentes gestos conciliatórios em direção aos Estados Unidos e à Coreia do Sul, o regime comunista norte-coreano retomou ontem o discurso bélico, ameaçando "varrer" com armas nucleares os dois países caso se sinta ameaçado durante os exercícios militares anuais que sul-coreanos e americanos começam a realizar hoje.
"Se os imperialistas americanos e o grupo (do presidente sul-coreano) Lee Myung-Bak ameaçarem a República Popular e Democrática da Coreia com suas armas nucleares, atuaremos com represálias com armas nucleares", declarou um porta-voz militar citado pela agência oficial norte-coreana KCNA.
"Os imperialistas dos EUA e o grupo de Lee Myung-Bak devem entender claramente que é disposição de ferro e postura resoluta do Exército do Povo Coreano entrar em ação a qualquer momento para impiedosamente varrer seus agressores. Se nos ameaçarem com mísseis, responderemos com nossos mísseis", completou o porta-voz, que denunciou "exercícios para uma guerra nuclear".
O comunicado norte-coreano também adverte que se os EUA e a Coreia do Sul "aumentarem as sanções e levarem a "confrontação" a uma fase extrema, a Coreia do Norte "vai reagir com retaliação impiedosa" e "uma guerra total de justiça".
Sanções
A Coreia do Norte está irritada com a política de Lee de suspender o auxílio incondicional ao vizinho pobre ajuda que, antes, chegou a responder por 5% da economia norte-coreana, estimada em US$ 17 bilhões.
Já combalidas, as finanças do país foram afetadas por sanções das Nações Unidas, impostas depois do lançamento de um foguete de longo alcance em abril. O movimento foi considerado um teste de míssil disfarçado. Houve ainda um exercício nuclear em maio. As medidas prejudicaram o comércio de armas, uma fonte vital de dinheiro vivo para o país.
Enviado especial americano responsável pela execução das sanções, Philip Goldberg disse aos jornalistas na semana passada que as medidas contra o país liderado por Kim Jong-II vão continuar até que sejam postas em prática ações irreversíveis para abandonar o programa nuclear.
A recente libertação, durante uma visita do ex-presidente americano Bill Clinton à Coreia do Norte, de duas jornalistas com nacionalidade americana que estavam presas no país comunista foi vista como um gesto de aproximação com o Ocidente. Mas a ameaça de ontem mostra que o regime mantém a tradição de dosar qualquer gesto mais suave com uma retórica dura, para manter a tensão e seu poder de barganha nas negociações.