Seul - A misteriosa Coreia do Norte gabou-se ontem de avanços no seu programa nuclear, ao alardear ter milhares de centrífugas atômicas em funcionamento. As revelações de Pyongyang sobre seu programa de enriquecimento de urânio um país que já tem armas nucleares à base de plutônio ocorrem uma semana depois de as forças comunistas terem bombardeado uma ilha sul-coreana, matando dois civis e dois militares.
No começo do mês, a Coreia do Norte já havia exibido uma usina de enriquecimento de urânio e um reator de água leve a um cientista nuclear dos EUA. "Atualmente, a construção de um reator de água leve está ativamente em progresso, e uma moderna usina de enriquecimento de urânio, equipada com milhares de centrífugas, para assegurar o abastecimento de combustível, está em operação", publicou o jornal norte-coreano Rodong Sinmun.
"Os projetos de desenvolvimento da energia nuclear se tornarão mais ativos para propósitos pacíficos no futuro", acrescentou o jornal, segundo transcrição da agência estatal de notícias KCNA.
Pressão
A Casa Branca afirmou ontem que a China tem a "obrigação" de pressionar a Coreia do Norte para que ponha fim ao seu "comportamento beligerante", após Pyongyang revelar que dispõe de centrífugas para enriquecer urânio. "Os chineses têm o dever e a obrigação" de pressionar "a Coreia do Norte", e dizer a eles que "seu comportamento beligerante deve acabar", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs
"Continuamos comprometidos com a segurança comum dos nossos aliados na República da Coreia", disse Gibbs, referindo-se à Coreia do Sul pelo seu nome oficial.
Panfletos
Ativistas enviaram ontem balões com panfletos anti-Pyongyang, DVDs e notas de um dólar para a Coreia do Norte. Em suas mensagens, sul-coreanos e desertores norte-coreanos instaram pessoas no empobrecido país a se erguer contra o regime linha-dura de Kim Jong-Il.
"Quando eles receberem o panfleto e a nota de um dólar, poderão viver pelo menos um dia com isso", disse Lee Soon-Hee, de 66 anos, que contou ter fugido do país onde seu cunhado morreu em um campo de trabalhos forçados, e chegou ao sul em 2001. "Quando lerem os panfletos, saberão que estão sendo enganados por seu governo", contou durante o lançamento dos balões, na zona desmilitarizada entre as duas Coreias, estabelecida na trégua firmada após a guerra de 1950-1953.