A Coreia do Norte anunciou ontem que cortou o telefone militar com a vizinha Coreia do Sul devido ao risco da retomada da guerra entre os dois países, que terminou em 1953. O corte é mais uma ameaça do país comunista, que advertiu Seul e os Estados Unidos de que pode fazer um ataque nuclear.
A tensão entre os países cresceu após o regime de Kim Jong Un discordar com a série de sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) contra um teste nuclear em fevereiro e o lançamento de um foguete em dezembro.
Pyongyang ainda chamou de "hostis os exercícios anuais entre militares americanos e sul-coreanos, que começaram em março no país vizinho. Devido à insatisfação, o país havia parado de responder a linha com o exército americano, que supervisiona a zona desmilitarizada, e o telefone da Cruz Vermelha.
Em nota publicada pela agência KCNA, o país afirma que não há necessidade de manter as comunicações entre o norte e o sul "na situação em que uma guerra pode estourar a qualquer momento. O regime diz que é a último meio de comunicação cortado com a Coreia do Sul, mas ainda está ativo o telefone da aviação.
A Coreia do Sul ainda não comentou o incidente. No entanto, funcionários mostraram preocupação com os mais de 900 sul-coreanos que estão no complexo industrial de Kaesong, do lado norte-coreano da fronteira.
A instalação industrial foi criada e financiada pelos sul-coreanos, mas é operada majoritariamente por norte-coreanos para aumentar o fluxo de divisas ao país comunista e amenizar a crise humanitária vivida por sua população.
Em março de 2009, esta mesma linha foi cortada durante exercícios militares entre EUA e Coreia do Sul e religada após uma semana. No período, os funcionários sul-coreanos de Kaesong ficaram presos do lado norte-coreano. A instalação abriga 123 empresas e fornece trabalho a 50 mil norte-coreanos.
Trata-se do último projeto conjunto da cooperação entre as duas Coreias, que começaram a ser cortados após o primeiro teste nuclear, em 2006. A maior parte da ajuda foi interrompida em 2009, em represália à morte de um turista sul-coreano e ao ataque a um navio militar, que foram atribuídos ao regime comunista.
As Coreias do Norte e Sul ainda estão tecnicamente em guerra, após o conflito civil entre 1950 e 1953 terminar com um armistício, e não um tratado.
No início de março, o Norte afirmou que suspendeu a validade da trégua, apesar do não reconhecimento dos sul-coreanos.