O regime da Coreia do Norte chamou de “castigo justo” o ataque de um ativista antiamericano ao embaixador dos Estados Unidos em Seul, Mark Lippert, na manhã desta quinta-feira (5), na capital sul-coreana. Lippert foi esfaqueado pouco antes de discursar em um café da manhã organizado pelo Conselho Coreano para Reconciliação e Cooperação. Ele sofreu cortes no rosto e no braço direito.
Em comunicado da agência de notícias oficial KCNA, o país comunista disse que o ataque reflete a postura da opinião pública da Coreia do Sul, “crítica a respeito dos Estados Unidos por provocar uma crise bélica na península coreana”. O regime faz referência aos exercícios militares dos Estados Unidos com a Coreia do Sul, que acontecem todos os anos no mês de março e são sempre motivo de tensão com a Coreia do Norte.
Para a administração do ditador Kim Jong-un, o ataque ao embaixador americano foi uma “expressão de resistência válida” e “um castigo justo para os belicistas americanos”. Nove horas após ser esfaqueado, o embaixador americano disse pelo microblog Twitter que se recupera bem e espera voltar rápido ao trabalho. Em mensagem, embaixador dos EUA diz estar se recuperando bem.
Minutos após esfaquear Lippert com uma faca de cozinha de 25 cm, o ativista Kim Ki-jong, 55, gritou mensagens contra as manobras militares, que começaram na última segunda (2). Kim é um dos líderes do grupo Woorimadang (Nosso lugar, em coreano), organização nacionalista que critica a presença do Exército americano na Coreia do Sul. Washington mantêm bases militares no país desde a Guerra da Coreia (1950-1953).
O ativista já participou de diversos protestos contra os EUA, a quem considera responsável por impedir a unificação das Coreias após a guerra. Em outras ocasiões, suas atitudes nas manifestações o levaram a ser preso pela polícia. Em um dos casos, em 2010, ele tentou atingir o então embaixador japonês em Seul com um tijolo de concreto, que acabou pegando na cabeça de uma secretária.
Kim Ki-jong é membro do Conselho Coreano para a Reconciliação e Cooperação, mas sua presença não era esperada no café da manhã. O Departamento de Estado afirmou que o efetivo de segurança contra o embaixador era correto.