A Coreia do Norte informou nessa quinta-feira (24) que destruiu seu centro de testes nucleares, em um gesto destinado a mostrar que ainda está disposta a embarcar em uma jornada diplomática com os Estados Unidos, apesar das recentes críticas.
Jornalistas estrangeiros levados para o local de testes nucleares de Punggye-ri disseram que testemunharam uma "grande explosão" no local, no nordeste montanhoso do país, e que as autoridades norte-coreanas disseram que o local havia sido desmantelado.
Jornalistas da Rússia, China, Coreia do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos relataram ter assistido à detonação a cerca de 500 metros de distância.
"Eles contaram de trás para frente - três, dois, um", disse Tom Cheshire, da Sky News, emissora britânica. “Houve uma enorme explosão, você podia senti-la. Veio poeira e calor e foi extremamente alto. Explodiu uma torre de observação em pequenos pedaços”.
A Associated Press, a Russia Today e a Xinhua da China também relataram o fechamento da base.
A Coreia do Norte levou os jornalistas ao local para relatar o evento, mas não permitiu o acesso de especialistas, o que dificulta a avaliação do que exatamente eles fizeram.
Ainda assim, analistas dizem que este é um passo na direção certa, especialmente após às ameaças tanto de Washington quanto de Pyongyang de cancelar o encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, marcado para 12 de junho em Cingapura.
"Isso será altamente simbólico e um primeiro passo diplomático", disse Frank Pabian, especialista em não-proliferação nuclear e imagens de satélite que trabalhou no Laboratório Nacional Los Alamos. "Mas por si só, não mudará nada sobre as capacidades nucleares da Coreia do Norte".
A Coreia do Norte sinalizou que não precisa mais testar seus dispositivos nucleares porque dominou a tecnologia, uma afirmação que tem credibilidade.
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Após uma reunião histórica com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, no final do mês passado, Kim concordou em mostrar que estava falando sério sobre a negociação com os Estados Unidos, seu inimigo declarado.
Isso inclui um plano para trabalhar em prol da “completa desnuclearização da Península Coreana” - uma frase que Trump usou para dizer que Kim desistiria de suas armas, enquanto a maioria dos analistas afirma que era um código para um processo em que ambos os lados tem que fazer concessões.
Enquanto a discussão sobre a definição de "desnuclearização" continua, Trump e um assessor sênior de Kim levantaram a possibilidade de cancelar a cúpula marcada para 12 de junho. O regime norte-coreano particularmente recusou as repetidas referências da administração Trump à Líbia, que desistiu de suas armas nucleares em troca de alívio de sanções. O ditador líbio, Muamar Kadafi, foi derrubado e brutalmente morto alguns anos depois.
O local
O centro de testes nucleares está localizado a cerca de 10 quilômetros ao norte da aldeia de Punggye-ri e consiste de uma série de túneis sob as montanhas, com quatro portais de entrada.
O portal leste, através do qual a Coreia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear, em 2006, foi abandonado há mais de uma década e não é mais acessível por estrada.
Os cinco testes seguintes ocorreram no portal norte. O último, realizado em setembro, foi amplamente considerado uma explosão de hidrogênio e causou um terremoto de magnitude 6,3 no local. A detonação produziu até 250 quilotons de energia. Em comparação, a bomba nuclear norte-americana detonada sobre Hiroshima em 1945 teve um rendimento de cerca de 15 quilotons de energia.
Desde esse teste, há sugestões de que o Monte Mantap pode estar sofrendo de "síndrome da montanha cansada", e muitos especialistas dizem que os túneis do portal norte agora estão inutilizáveis.
No entanto, os portais oeste e sul nunca foram usados e ainda eram considerados viáveis para testes futuros.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte anunciou em 12 de maio que fecharia o local colapsando todos os túneis através de explosões, bloqueando completamente os portais e removendo todos os prédios ao redor, incluindo institutos de pesquisa e postos de segurança.
"Paralelamente ao desmantelamento do campo de testes nucleares, guardas e pesquisadores serão retirados e a área ao redor do campo de testes será completamente fechada", disse o ministério em um comunicado.
Imagens de satélite mostravam prédios ao redor dos portais sendo derrubados antes do desmantelamento do centro de testes nucleares.
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