As autoridades norte-coreanas anunciaram nesta sexta-feira (22) a detenção de um estudante americano, acusado de realizar atividades hostis não especificadas, em meio às tensões pelo suposto teste nuclear realizado por Pyongyang no início do mês.
O governo dos Estados Unidos trabalha no campo diplomático para garantir que o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte neste mês seja objeto de sanções pela comunidade internacional. “Estamos a par das informações da imprensa”, afirmou o departamento de Estado americano.
O estudante, da Universidade da Virginia, foi detido quando “estava realizando atividades hostis” contra o país, afirmou a agência oficial de notícias do país, KCNA. “Atualmente está sob investigação”, destacou.
A Coreia do Norte normalmente utiliza os cidadãos americanos ou pessoas que tenham status de residentes no país como uma moeda de troca para obter concessões em momentos de tensão.
O estudante foi identificado como Frederick Otto Warmbier e a agência afirmou que ele entrou na Coreia do Norte como turista “para atacar as bases da unidade da Coreia do Norte sob ordens do governo dos Estados Unidos”.
Os termos “atividades hostis” já foram utilizados pelas autoridades norte-coreanas contra vários estrangeiros detidos no passado, incluindo missionários, e envolve acusações como espionagem.
A agência oficial não informou nem as acusações específicas, nem a data na qual o estudante entrou na Coreia do Norte, e tampouco quando foi detido. A alegação da agência de que Warmbier recebia diretrizes dos Estados Unidos leva a pensar que ele pode ser acusado de espionagem.
Com Warmbier, são três os americanos detidos na Coreia do Norte, que no mês passado condenou um pastor canadense de 60 anos à prisão perpétua.
Tensão na península
A detenção acontece poucos meses depois da libertação por Pyongyang de um cidadão sul-coreano que estudava na New York University. Won Moon-Joo, de 21 anos, que tinha um visto de residência nos Estados Unidos, foi acusado de entrar no país de forma ilegal.
Ele foi liberado em outubro, na cidade de fronteira de Panmunjon, mas ao contrário de outros detidos não foi submetido a um julgamento.
O governo dos Estados Unidos não tem relações diplomáticas nem representação consular em Pyongyang. Geralmente, os americanos detidos no país recebem assistência da embaixada da Suécia.
Um caso parecido é o de Kenneth Bae, um cidadão americano de origem coreana, que foi detido e condenado em 2013 a 15 anos de prisão, mas que foi liberado em novembro de 2014.
Pyongyang reivindicou no dia 6 de janeiro um teste nuclear bem-sucedido com uma bomba de hidrogênio, embora vários especialistas duvidem que se tratasse deste tipo de arma, já que não foi detectada radioatividade desta magnitude no dia em questão.
A Coreia do Sul respondeu com a retomada da campanha de propaganda com seus alto-falantes na fronteira, que transmitem música, mas também mensagens políticas que irritam as autoridades de Pyongyang.
Num momento em que as tensões na península aumentam, os Estados Unidos e seus aliados na região, Coreia do Sul e Japão, buscam que o Conselho de Segurança da ONU emita resoluções de condenação e sanções econômicas adicionais para Pyongyang.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião