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A Coreia do Norte continuou desenvolvendo seu programa nuclear em 2020, segundo um relatório confidencial das Nações Unidas ao qual agências de notícias internacionais tiveram acesso. O documento revelou, entre outras coisas, que o país comandado pelo ditador Kim Jong-un voltou a trabalhar com o Irã em projetos para o desenvolvimento de mísseis de longo alcance, inclusive com transferência de peças críticas.
Segundo informações passadas por um país-membro da ONU – não identificado no relatório –, o Centro de Pesquisa Shahid Haj Ali Movahed do Irã recebeu "apoio e assistência" de especialistas em mísseis norte-coreanos para um veículo de lançamento espacial. Afirmou também que a Coreia do Norte estava envolvida no envio de certos carregamentos para o Irã – o mais recente no ano passado, embora não se saiba exatamente o que havia nesses carregamentos e nem a extensão da cooperação entre ambos.
O embaixador do Irã para a ONU, Majid Takht Ravanchi, declarou em dezembro passado, em uma carta enviada aos monitores de sanções da organização, que "informação falsa e dados fabricados" podem ter sido usados na investigação sobre a relação entre Irã e Coreia do Norte.
Programa nuclear com dinheiro roubado
Outra conclusão do relatório é de que a Coreia do Norte continuou desenvolvendo seu programa nuclear e de mísseis em 2020 com a ajuda de US$ 316,4 milhões roubados em ciberataques. Pyongyang "produziu material físsil, manteve instalações nucleares e atualizou sua infraestrutura de mísseis balísticos", ao mesmo tempo em que continuava a buscar material e tecnologia para esses programas no exterior, escreveram os monitores independentes da ONU.
Como parte do financiamento do programa, hackers ligados à Coreia do Norte "continuaram [em 2020] a conduzir operações contra instituições financeiras e casas de câmbio virtuais para gerar receita". Por outro lado, as exportações de carvão norte-coreano, sancionadas pela comunidade internacional, diminuíram significativamente em comparação com 2019, tendo sido praticamente suspensas desde julho de 2020.
Mísseis com capacidade nuclear
De acordo com as agências de notícias, o documento também cita uma avaliação sobre os novos mísseis da Coreia do Norte, apresentados em desfiles militares no ano passado. Com base nas imagens dos equipamentos, um Estado-membro da ONU, não identificado no relatório, chegou à conclusão de que "é muito provável que um dispositivo nuclear" possa ser montado em mísseis balísticos de longo, médio e curto alcance. Contudo, o país ponderou que não sabe se a Coreia do Norte "desenvolveu mísseis balísticos resistentes ao calor gerado durante a reentrada" na atmosfera.
No ano passado, a Coreia do Norte "anunciou preparação para teste e produção de novas ogivas de mísseis balísticos e o desenvolvimento de armas nucleares táticas", informa o documento.