Veja que a Coreia do Norte anuncia a reativação de usinas
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O governo da Coreia do Norte cessou toda a cooperação com os monitores nucleares da ONU e mandou que eles deixem o país "o mais rápido possível". O país também confirmou que está reativando seu programa nuclear.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira (14) pela Agência Internacional de Energia Atômica da ONU.
Mais cedo, a Coreia do Norte havia anunciado que iria abandonar as negociações com os seis países e reativar seu programa nuclear, após, no dia anterior, ter sido condenada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo disparo de um suposto satélite, informou a imprensa oficial norte-coreana.
Pyongyang "rejeita firmemente" o documento da ONU e considera um "insulto insuportável" contra seu povo a decisão do Conselho de Segurança, afirma o ministério norte-coreano das Relações Exteriores, citado pela agência oficial KCNA.
"As discussões a seis (Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, Estados Unidos, China e Rússia) não têm mais razão de ser", destacou o ministério.
"Nós não participaremos nunca mais destas discussões e não nos consideramos obrigados por qualquer decisão adotada durante estas tratativas."
Pyongyang também decidiu reativar suas instalações atômicas, devido à decisão da ONU: "Vamos adotar as medidas necessárias para reabrir nossas usinas nucleares desativadas (...) e reintroduzir os bastões de combustível nuclear nos reatores experimentais", destacou o ministério.
A Coreia do Norte começou há um ano a desmantelar o seu antigo reator de Yongbyon, como parte do processo de desarmamento pelo qual EUA, Rússia, Japão, China e Coreia do Sul ofereciam ajuda econômica em troca do desarmamento nuclear do país. O regime comunista está sob sanções da ONU desde 2006, por causa de um teste anterior com uma bomba atômica e um míssil de longo alcance.
Especialistas dizem que a miserável Coreia do Norte não tem tecnologia suficiente para fabricar um reator avançado de água-leve. Condenação da ONU
O Conselho de Segurança condenou na segunda-feira o lançamento de um foguete efetuado recentemente pela Coreia do Norte e reforçou o regime de sanções contra o país.
Segundo o texto, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia (os cinco membros permanentes) e Japão "condenam" o lançamento do míssil balístico efetuado por Pyongyang, no dia 5 de abril, e afirmam que está "em contravenção com a resolução 1718 do Conselho, que proíbe a Coreia do Norte de realizar qualquer teste nuclear, ou lançamento de míssil".
Oficialmente, a Coreia do Norte efetuou o lançamento de um foguete para colocar um satélite de comunicação em órbita.
Já os EUA, a Coreia do Sul e o Japão afirmam que se trata de um teste disfarçado do míssil Taepodong-2, capaz de atingir o Alasca ou o Havaí.
A reação da ONU, endurecendo a implementação das sanções, deve ter pouco impacto econômico na Coreia do Norte, e analistas acham que a divisão internacional a respeito - China e Rússia foram contra medidas mais firmes - pode fortalecer internamente o regime de Kim Jong-il.
Especialistas dizem que o Norte pode reativar dentro de três meses a sua usina que separa o plutônio do combustível nuclear usado.
"As declarações da Coreia do Norte são sempre uma mistura de blefe e ameaças reais, mas acho que as ameaças são mais reais desta vez, e acho que vão continuar pelos próximos meses pelo menos", disse Shi Yinhong, especialista em segurança regional da Universidade Renmin, de Pequim.
EUA
O Departamento de Estado dos EUA evitou nesta terça-feira fazer comentários sobre o anúncio norte-coreano de encerrar as negociações, limitando-se a afirmar que deseja que as negociações sejam retomadas o mais rápido possível.
A Casa Branca disse que a ameaça norte-coreana foi um "passo sério na direção contrária" e pediu a Pyongyang que termine suas ameaças e cumpra suas obrigações internacionais.
"A Coreia do Norte não vai ter a aceitação da comunidade internacional a não ser que ela comprovadamente abandone a sua busca por armas nucleares", disse o porta-voz Robert Gibbs.