O governo da Coreia do Sul declarou neste domingo (29) que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu fechar as instalações de testes nucleares de seu país em maio e que ele convidará especialistas sul-coreanos e americanos para acompanhar o processo.
O anúncio feito por Seul é, até agora, o resultado mais concreto da cúpula entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul realizada na última sexta-feira (27), o primeiro encontro do tipo entre os líderes dos dois países em 11 anos e o exemplo mais recente da virada diplomática na península coreana nos últimos meses.
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Durante a cúpula, ficou estabelecido que haverá a desnuclearização total da península.
O programa nuclear da Coreia do Norte e seus sucessivos testes de mísseis e de bombas é uma das principais causas de tensão geopolítica hoje e razão para uma série de sanções internacionais que estrangulam a já frágil economia do país asiático.
Segundo Yoon Young-chan, porta-voz da Presidência sul-coreana, Kim disse, durante o encontro com o presidente Moon, que levaria a cabo o fechamento completo das instalações nucleares em maio e convidaria especialistas dos Estados Unidos e Coreia do Sul para informar a comunidade internacional do processo com transparência.
"Kim disse: 'Os Estados Unidos nos consideram repugnantes, mas, enquanto dialogamos, eles se deram conta de que não sou alguém que vá lançar uma arma nuclear contra a Coreia do Sul ou mesmo contra os Estados Unidos'", afirmou o porta-voz.
Mudança
As declarações atribuídas do ditador, cujo cacife político nos últimos anos cresceu sustentado pelo temor de seu programa nuclear, mostram uma mudança de atitude que o próprio Kim atribui ao desejo de ver melhorias na economia de seu país.
Elas também preparam o caminho para a aguardada cúpula entre Kim e o presidente dos EUA, Donald Trump, prevista para o fim de maio ou junho. O local que a sediará ainda não foi anunciado; duas possibilidades são Mongólia e Cingapura.
Um dos motivos declarados para o programa norte-coreano é o temor de uma ação militar dos EUA, que mantém tropas na Coreia do Sul e uma frota próxima à península, tecnicamente em guerra desde 1950 (em 1953, com o fim do conflito, foi assinado um armistício, mas nunca um acordo de paz).
Para encerrar seu programa, portanto, Kim pede a promessa americana que desmobilizará seu contingente, algo de que Seul afirma que ele pode abrir mão em troca do fim das sanções.
Durante um evento em Michigan, Trump confirmou que a cúpula ocorrerá e disse que fará um "grande favor ao planeta" ao obter um acordo nuclear com Pyongyang.
Trump atribui a mudança diplomática do regime à sua "campanha de pressão máxima", composta por discursos muito duros, o aumento das sanções contra a Coreia do Norte e o isolamento diplomático do país asiático, com pressão sobre a China para forçar o aliado a recuar.
Ele advertiu, porém, que a reunião pode fracassar caso suas exigências não sejam aceitas. "O que tiver que acontecer, acontecerá. Posso ir até lá e pode não funcionar. Neste caso, vou embora", disse.
O novo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou em entrevista à rede ABC que manteve uma "boa conversa" com Kim durante sua recente visita à Pyongyang, na Páscoa, e que o líder norte-coreano está disposto a apresentar um plano para a desnuclearização.
Kim também se declarou disposto a iniciar um diálogo com o Japão. Segundo o porta-voz de Seul, o premiê japonês Shinzo Abe informou a Moon que está disposto a conversar com Pyongyang, uma mensagem transmitida durante a reunião intercoreana.