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Soldado sul-coreano vigia área desmilitarizada na fronteira com o vizinho do norte: testes nucleares e de mísseis aumentam a tensão e temor de ataque nuclear | Kim Kyung-Hoon/Reuters
Soldado sul-coreano vigia área desmilitarizada na fronteira com o vizinho do norte: testes nucleares e de mísseis aumentam a tensão e temor de ataque nuclear| Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

EUA pedem ação firme, mas deixam "porta aberta" para negociações

O Departamento de Estado norte-americano afirmou ontem, em comunicado, que a Coreia do Norte terá que pagar o preço pelo teste nuclear realizada ontem, mas ressaltou que a "porta ainda está aberta’’ nas negociações do Grupo dos Seis pela desnuclearização de Pyongyang.

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  • Confira o arsenal de mísseis de longo alcance da Coreia do Norte

Seul - A Coreia do Norte voltou ontem a desafiar a comunidade internacional, que condenara de maneira unânime e veemente seu segundo teste nuclear, realizado no domingo à noite (manhã de ontem na Ásia), ao lançar dois novos mísseis de curto alcance no mar do Japão.

O regime do ditador Kim Jong-il diz agir em "defesa própria’’ e acusou os EUA de adotar posição de confronto em relação ao país. "O governo norte-americano promove as mesmas políticas temerárias do seu antecessor’’, afirmou autoridade à agência de notícias oficial.

Citando fontes sul-coreanas, a agência de notícias Yonhap, da Coreia do Sul, disse que a movimentação na costa oeste do vizinho indicava ontem que novos disparos poderiam ser feitos nos próximos dias. Três mísseis do mesmo tipo haviam sido lançados na segunda.

Os novos lançamentos provocaram a reiteração das críticas desferidas a Pyongyang na véspera. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, afirmou que os disparos foram uma medida "provocativa, desestabilizadora e uma ameaça’’.

A Coreia do Sul anunciou que passará a integrar operação regular dos EUA de interceptação de navios suspeitos de transportar armas de destruição em massa na região. Pyongyang afirmara em outras oportunidades que a medida seria considerada declaração de guerra.

O teste nuclear de domingo à noite provocou a convocação pelo Japão de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança (CS) da ONU para a elaboração de uma reação conjunta a Kim. Foi divulgada, porém, apenas nota expressando "forte oposição e condenação’’.

As potências ocidentais e mesmo tradicionais aliados de Pyongyang, como Rússia e China, endossaram a acusação de violação da resolução aprovada em 2006, em reação à detonação do primeiro teste nuclear norte-coreano, que incluía sanções e proibição a explosões.

Nova resolução

Diplomatas disseram ontem que os cinco membros permanentes do CS (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França), além de Japão e Coreia do Sul, se reuniriam à noite para tentar mais uma vez redigir uma nova resolução contra a Coreia do Norte – duas já estão em vigor.

São consideradas positivas nesse sentido as reações de Pequim e Moscou, que deixaram de lado posições usualmente contidas para fazer críticas contra a Coreia do Norte.

A agência de notícias russa Interfax disse, citando funcionário da Chancelaria da Rússia, que Moscou considera provavelmente inevitável a adoção de uma resolução dura, uma vez que é a própria credibilidade do CS que está em jogo.

Mas da China espera-se uma posição menos determinada, já que o país é o principal aliado e parceiro comercial da Coreia do Norte. Pequim teme sobretudo, segundo analistas, o cenário de deslocamento em massa de refugiados norte-coreanos no caso de um colapso econômico no empobrecido vizinho.

Rice elogiou a posição até o momento do país. "Pequim tem cumprido um papel construtivo’’, disse. A representante dos EUA na ONU disse que "a porta está aberta para a diplomacia’’ com Pyongyang, mas voltou a utilizar o bordão consagrado pela política externa de George W. Bush. "Obviamente, não descartamos nenhuma opção.’’

Ameaça

Na segunda-feira à noite, o presidente Barack Obama, que qualificara o episódio de ameaça à segurança internacional, garantiu a "defesa inequívoca’’ dos aliados Coreia do Sul e Japão em uma eventual deterioração da situação regional.

A possibilidade é, no entanto, remota, segundo analistas. A maior ameaça de uma Coreia do Norte com capacidade nuclear para fins militares estaria na venda de tecnologia no mercado negro internacional.

Apesar das reações, o novo teste não foi exatamente uma surpresa, uma vez que Pyongyang alertara para a retomada do programa nuclear após o endurecimento das sanções na ONU ao país depois do lançamento de um foguete em abril.

Entre as causas imediatas da ação estão o objetivo norte-coreano de ser reconhecido como um país do seleto clube nuclear e uma tentativa de aplacar a pressão da linha dura interna na disputa sucessória. Acredita-se que Kim se encontre em frágil situação de saúde.

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