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Tensão na Ásia

Coréia do Norte lança mísseis; Conselho da ONU faz reunião

A Coréia do Norte fez testes com disparos de vários mísseis nesta quarta-feira, incluindo uma arma de longo alcance que teria capacidade de chegar ao Alasca, aumentando a tensão no norte da Ásia e provocando condenação internacional.

Ao menos seis mísseis foram lançados na manhã de quarta-feira, e um sétimo cerca de 12 horas depois, informaram autoridades japoneses e sul-coreanas. A Rússia disse que a Coréia do Norte havia disparado dez mísseis, mas a notícia não pôde ser confirmada de imediato.

O míssil de longo alcance Taepodong-2 aparentemente entrou em pane depois de 40 segundos de vôo, disseram autoridades dos Estados Unidos. Todos os mísseis caíram no Mar do Japão, de acordo com autoridades japonesas.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se ainda nesta quarta-feira, a pedido do Japão, para debater a atitude do país recluso, disse um porta-voz francês da ONU.

O Exército da Coréia do Sul aumentou o estado de alerta depois do lançamento, disse uma fonte militar, segundo a agência de notícias Yonhap.

As duas Coréias estão tecnicamente em guerra há mais de meio século, depois da trégua parcial que parou o conflito de 1950 a 1953. Cerca de 30 mil soldados americanos continuam estacionados na Coréia do Sul como parte de um tratado mútuo de defesa.

Os EUA advertiram a Coréia do Norte contra novos atos de provocação e disseram que Washington vai tomar todas as medidas necessárias para proteger-se e defender seus aliados.

"Os EUA condenam com veemência estes lançamentos de mísseis e a falta de vontade da Coréia do Norte de atender aos pedidos de contenção feitos pela comunidade internacional", disse em comunicado o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

Os lançamentos de mísseis "demonstram que a Coréia do Norte pretende intimidar outros países com o desenvolvimento de mísseis de alcance cada vez maior", disse.

"Estamos consultando nossos parceiros internacionais sobre os próximos passos".

O assessor nacional de segurança dos EUA, Stephen Hadley, disse que os disparos não representam ameaça ao território americano.

Ele disse que os lançamentos podem ter sido uma tentativa feita por Pyongyang de roubar a atenção do Irã, que vem sendo o maior foco da diplomacia nuclear dos EUA nos últimos meses.

- Obviamente, é um esforço para ganhar atenção, talvez porque muita atenção vem sendo concentrada nos iranianos - disse Hadley a repórteres.

Mas assim como muitas autoridades dos EUA, ele disse que é impossível ter certeza sobre os motivos de Pyongyang.

4 de julho

A Coréia do Norte, que tem um governo que dá muita atenção a atitudes simbólicas, decidiu lançar os mísseis no momento em que os EUA celebram o Dia da Independência, em 4 de julho. Os disparos foram realizados horas depois da partida do ônibus espacial Discovery na Flórida.

- Chamou a atenção de todos no 4 de julho. Kim Jong-Il (líder da Coréia do Norte) também pode lançar fogos de artifício - disse John Pike, diretor do site de segurança GlobalSecurity.org.

O Japão disse que vai estudar adotar sanções econômicas imediatas contra a Coréia do Norte. O governo japonês proibiu a entrada de balsas norte-coreanas por seis meses.

O ien, a moeda japonesa, e o won sul-coreano caíram frente ao dólar após as notícias do lançamento e as bolsas de valores de Tóquio e Seul também registraram quedas. Em Seul, o governo disse que autoridades sul-coreanas vão agir se for necessário.

A Rússia, que faz parte do grupo de seis países nas negociações sobre o programa nuclear da Coréia do Norte, condenou o lançamento. Tóquio também exortou Pyongyang a voltar às negociações, que estão paradas desde novembro. Os outros participantes do grupo são EUA, China, Japão e as duas Coréias.

Longo alcance

A mídia norte-corenana não fez menção aos lançamentos, disseram repórteres japoneses que estão em Pyongyang. Os canais de televisão não têm programação nas manhãs de quarta-feira, segundo os repórteres, e a rádio estatal transmitiu boletins sobre a visita de Kim Jong Il a uma fábrica de pneus.

Especialistas dizem que o possível alcance do Taepodong-2 vai de 3.500 a 4.300 quilômetros.

Uma autoridade do Departamento de Estado americano disse à Reuters que o míssil de longo alcance falhou 40 segundos depois do lançamento. Uma autoridade de segurança sul-coreana disse que o Taepodong-2 caiu no Mar do Japão, nas águas na costa leste da península.

Especialista dizem que Pyongyang está desenvolvendo mísseis para poder um dia carregá-los com bomba nuclear, mas que ainda precisa de anos para conseguir um sistema deste tipo.

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