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Militares da Coreia do Norte atiraram e mataram um funcionário civil do governo sul-coreano que estava à deriva no mar e depois jogaram combustível sobre seu corpo e atearam fogo, denunciou o Ministério da Defesa da Coreia do Sul nesta quinta-feira (24). A Coreia do Norte não comentou. Acredita-se que o homem estava tentando fugir para a Coreia do Norte, algo raro, mas que já ocorreu outras vezes.
Segundo a agência de notícias Yonhap News, a vítima tinha 47 anos e trabalhava no Ministério dos Oceanos e Pescas da Coreia do Sul. Ele havia desaparecido de uma embarcação de patrulha na segunda-feira (21) enquanto participava de uma inspeção nas águas do entorno da ilha de Yeonpyeong, na fronteira oeste.
Segundo as autoridades sul-coreanas, os militares do Norte o encontraram na terça-feira, à deriva, usando um colete salva-vidas. Eles então teriam colocado máscaras de gás para questionar o homem. Depois "autoridades superiores" teriam ordenado que o homem fosse morto e incendiado, o que poderia ser uma medida contra o coronavírus, segundo a Coreia do Sul.
"Nossos militares condenam veementemente esse ato brutal e exortam veementemente o Norte a fornecer uma explicação e punir os responsáveis ", afirmou o ministério. "Também advertimos severamente a Coreia do Norte de que todas as responsabilidades por este incidente são dela".
A fronteira entre as duas Coreias é altamente vigiada por forças militares e, segundo informou a BBC, há uma política de "atirar para matar" se uma pessoa tentar entrar no país comandado pelo ditador Kim Jong-un. O objetivo é evitar que o coronavírus entre na Coreia do Norte.
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, disse que o incidente foi "chocante" e que não pode ser tolerado. Também pediu que a Coreia do Norte tome medidas responsáveis sobre o caso. Moon ordenou que militares fortaleçam ainda mais sua postura de segurança e se preparem totalmente para proteger a vida e a segurança das pessoas.
Suh Choo-suk, vice-diretor de segurança nacional do gabinete presidencial, disse que o incidente não viola "cláusulas específicas" do acordo militar firmado em 2018 entre as duas Coreias. Contudo, ele afirmou que o caso constitui um dano ao espírito do acordo que visa aliviar as tensões na fronteira e construir a confiança mútua, segundo informou a Yonhap News.