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marcha à ré

Coreia do Norte reconstrói base de lançamento de satélites

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Soldados norte-coreanos montam guarda em frente ao foguete Unha-3 na Estação de Lançamento de Satélites Sohae em Tongchang-Ri, em 8 de abril de 2012 | Foto: Pedro Ugarte/AFP (Foto: )

A Coreia do Norte começou a reconstruir uma plataforma de lançamento de foguetes e uma unidade de testes de motores, segundo mostram imagens de satélites registradas após a fracassada cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador Kim Jong-un, em Hanói, na semana passada.

O trabalho de reconstrução da Estação de Lançamento de Satélites de Sohae começou em algum dia entre 16 de fevereiro e 2 de março, de acordo com imagens de satélite.

O local, também conhecido como Tongchang-ri, é um centro de lançamento espacial, usado para o lançamento de satélites – nunca para o lançamento de mísseis balísticos. A Coreia do Norte havia declarado que a unidade estava sendo desmantelada e prometeu permitir que inspetores internacionais verificassem esse processo, em um movimento amplamente citado como sinal de sua boa fé durante as negociações para a desnuclearização do país.

Em Hanói, Trump disse que Kim prometeu não retomar os testes nucleares e de mísseis. Nesse contexto, qualquer movimento da Coreia do Norte para lançar um satélite – justificando uma atividade pacífica relacionada ao espaço – provavelmente seria visto como provocativo.

"Dado o quanto foi feito neste local, parece que há mais de dois dias de atividade", disse Jenny Town, editora-chefe do 38 North, site dedicado à análises sobre a Coreia do Norte. "É difícil dizer se aconteceu imediatamente após a cúpula e eles apenas apressaram tudo – acho que é possível – mas é mais provável que tenha começado um pouco antes."

Voltando atrás

Tongchang-ri é o maior local de testes de motores de mísseis da Coreia do Norte. Os trabalhos para desmantelá-lo começaram logo após o início das negociações de desnuclearização com os Estados Unidos, mas pararam em agosto do ano passado. Agora estão em marcha à ré.

"É lamentável porque este foi um dos passos unilaterais que os norte-coreanos deram no início do processo de negociação como uma medida para construir confiança, e certamente isso tem implicações sobre como os norte-coreanos estão pensando sobre o processo de negociação", disse Town. "É altamente improvável que qualquer medida unilateral deste tipo seja oferecida novamente, a menos que haja um acordo real em vigor".

Em outro sinal de que as posições podem estar endurecendo, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, alertou que os Estados Unidos podem endurecer as sanções caso a Coreia do Norte não desista da desnuclearização.

"Se eles não estão dispostos a fazê-lo (desnuclearizar), então eu acho que o presidente Trump tem sido muito claro… eles não vão obter alívio das sanções econômicas esmagadoras que foram impostas a eles e nós vamos estudar elevar essas sanções de fato", disse Bolton para a Fox Business Network, antes das notícias sobre a reconstrução da estação de lançamento de satélites.

Lançamento de satélites

Os lançamentos de satélites foram muito controversos no passado. Em 2012, a Coreia do Norte prometeu uma moratória sobre testes nucleares e de mísseis em troca de ajuda alimentar. Mas o acordo, com o governo Obama logo desmoronou depois que Pyongyang lançou um satélite usando tecnologia de mísseis balísticos que os Estados Unidos consideraram violar as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).

Foguete Unha-3 na Estação de Lançamento de Satélites Sohae em Tongchang-RiFoguete Unha-3 na Estação de Lançamento de Satélites Sohae em Tongchang-Ri, em 8 de abril de 2012 | Foto: Pedro Ugarte/AFP<br />

Jeffrey Lewis, pesquisador do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais em Monterey, disse que imagens de baixa resolução detectaram alguma atividade no local entre 18 e 22 de fevereiro, embora não esteja claro o que estava acontecendo até que as últimas imagens de satélite surgissem.

"Não é uma ótima notícia", ele disse, "eles talvez soubessem que a cúpula não daria certo".

Lewis disse que um relatório do início de 2018 indicava que a Coreia do Norte planejava um lançamento espacial, enquanto imagens de satélite também indicavam alguma atividade em uma fábrica usada para fazer foguetes para satélite, bem como mísseis balísticos intercontinentais.

"Havia alguma evidência de que eles estavam a caminho de fazer um lançamento espacial", disse ele. "Então, não é loucura imaginar que isso possa ser uma das coisas que eles retomem, se sentirem que não estão conseguindo o que querem nas negociações."

Lewis afirmou que "não há nada ilegal" em fazer um lançamento espacial, que não usaria o mesmo foguete usado pela Coreia do Norte para os mísseis balísticos intercontinentais. Mas ele ressalta que, embora esse argumento possa satisfazer China, Rússia e talvez até a Coreia do Sul, ele pode não ser visto dessa maneira em Washington.

Na plataforma de lançamento, um edifício sobre trilhos está sendo remontado, de acordo com a análise do 38 North, com dois guindastes de suporte visíveis. Paredes foram erguidas, que parecem ser ainda mais altas do que a estrutura anterior, e um novo telhado foi adicionado.

No estande de testes de motor, imagens parecem mostrar que a estrutura de suporte para o motor está sendo remontada, com dois guindastes visíveis e materiais de construção espalhados no pátio do estande, de acordo com o 38 North.

Exercícios militares

No sábado (2), autoridades americanas e sul-coreanas anunciaram que vão acabar com os exercícios militares conjuntos Foal Eagle e Key Resolve que há muito tempo irritam os norte-coreanos. Eles serão substituídos por "exercícios de posto de Comando recém-projetados e um revisado programa de treinamento em campo", segundo o Pentágono. Este novo exercício será chamado de Dong Maeng, ou "Aliança" e está sendo realizado de 4 a 12 de março.

O Foal Eagle tradicionalmente envolve milhares de soldados e grandes demonstrações de força, com o uso de bombardeiros e submarinos americanos, por exemplo. Já o Key Resolve se concentra fortemente na simulação por computador. Os dois jogos de guerra visam preparar os exércitos americano e sul-coreano para a possibilidade de guerra com a Coreia do Norte.

"A decisão de adaptar nosso programa de treinamento reflete nosso desejo de reduzir as tensões e apoiar nossos esforços diplomáticos para alcançar a completa desnuclearização da Península Coreana de maneira final e totalmente verificada", afirma o comunicado do Pentágono.

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