Na véspera da data mais importante do calendário do país, a Coreia do Norte rejeitou ontem a proposta de diálogo do governo sul-coreano, mantendo o tom de confronto das últimas semanas.
Ocupada com os preparativos para a celebração, hoje, do 101.º aniversário de nascimento do fundador do país, Kim Il-sung, a mídia norte-coreana abriu espaço para a reação de repúdio.
"Não passa de um astucioso truque para acobertar o crime de conduzir a zona industrial de Kaesong a uma crise", atacou o regime de Kim Jong-un, neto de Kim Il-sung.
A Coreia do Sul havia proposto um diálogo para reativar o parque industrial de Kaesong, último projeto de cooperação entre os países, de onde os norte-coreanos retiraram, na semana passada, seus 53 mil operários.
A decisão foi mais um gesto de retaliação ao que os norte-coreanos chamam de atos de intimidação da Coreia do Sul, sobretudo os exercícios militares conjuntos atualmente realizados com os EUA.
Após rebater com dureza as ameaças da Coreia do Norte, que chegou a falar numa ofensiva nuclear, o governo sul-coreano baixou o tom nos últimos dias.
A recém-eleita presidente sul-coreana, Park Geun-hye, retomou seu discurso de campanha, afirmando estar interessada no diálogo para reconstruir a confiança entre os dois países, oficialmente em estado de guerra desde 1953.
Os EUA se uniram ao esforço. Em Seul, o secretário de Estado John Kerry disse na sexta que Washington não se opõe ao diálogo. China e EUA procuraram mostrar sintonia em relação ao objetivo de desnuclearização da península coreana durante a visita de Kerry a Pequim, no sábado.
Principal aliado político e parceiro comercial da Coreia do Norte, a China tem dado mostras de estar revendo esse apoio, segundo analistas.
Um exemplo é o espaço crescente na imprensa estatal a comentaristas que apontam a beligerância norte-coreana como contrária aos interesses chineses.
Entre outros motivos, por dar motivos para que os EUA aumentem sua presença militar na região. A expectativa de que Pyongyang fará um novo teste nuclear ou de mísseis aumenta com a festa nacional de hoje, cuja data poderia ser usada para uma demonstração de força.
A suposta ansiedade entre os chineses que vivem perto da fronteira com a Coreia do Norte também é citada como motivo para que Pequim endureça o tom com o aliado.
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