A Coréia do Norte, criticada fortemente pelo Ocidente por ter feito testes de mísseis de médio e longo alcance na semana passada, disse nesta terça-feira estar disposta a voltar às negociações sobre seu programa nuclear, desde que os Estados Unidos desistam de impor sanções financeiras.

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O comentário do vice-ministro das Relações Exteriores norte-coreano, Hyong Jun, foi feito no momento em que a China condenava uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), encaminhada pelo Japão, para impor sanções à Coréia do Norte. A China considerou a resolução uma reação exagerada e disse que vai provocar divisões no interior do Conselho de Segurança.

- Assim que os EUA levantarem as sanções financeiras, participaremos de bom grado da próxima rodada de conversações entre as seis partes - disse Kim a jornalistas na capital sul-africana, Pretória, onde se encontra em viagem oficial.

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Seus comentários vieram em meio a esforços internacionais acelerados para encontrar uma solução diplomática para a crise provocada pelos testes de mísseis promovidos por Pyongyang na semana passada.

A China foi anfitriã de várias sessões das conversações entre as seis partes, das quais também participaram os EUA, Coréia do Sul, Japão e Rússia. Mas o processo chegou a um impasse em novembro, porque Pyongyang se opôs à imposição de sanções financeiras pelos EUA, baseadas em acusações de que a Coréia do Norte falsifica dinheiro norte-americano e faz tráfico de drogas.

Um alto enviado dos EUA viajou a Pequim na terça-feira para se informar sobre os esforços urgentes feitos pela China para resolver a crise por meios diplomáticos.

Os defensores da proposta de resolução da ONU nesta terça-feira adiaram a votação da medida por mais um dia, enquanto representantes chineses visitam Pyongyang. Oito dos 15 membros do Conselho de Segurança propuseram o texto e deverão reunir-se na manhã de quarta-feira para reavaliar a situação.

- O lado chinês acha que a resolução proposta é uma reação exagerada. Se for aprovada, vai agravar as contradições e aumentar a tensão - disse a jornalistas a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu.

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O presidente da China, Hu Jintao, disse ao parlamentar norte-coreano Yang Hyong Sop, que visita o país, que a China é contra qualquer ação que agrave as tensões na península coreana. A imprensa estatal disse que ele exortou todas as partes envolvidas a tomar medidas que propiciem a paz.

O alto diplomata Christopher Hill, representante máximo de Washington na Coréia do Norte, retornou à capital chinesa nesta terça-feira.

Ele disse a jornalistas em seu hotel:

- Temos a RDPC (Coréia do Norte) que, em lugar de participar do processo das seis partes, anda disparando mísseis de todos os formatos e tamanhos, mísseis que têm como alvo não apenas nós, mas países da região.

Hill disse que "neste momento ainda não sabemos o que a RDPC quer fazer".

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CONVERSAÇÕES EM PYONGYANG

A porta-voz chinesa disse que o vice-chanceler chinês Wu Dawei continua na Coréia do Norte, contradizendo relatos anteriores da mídia coreana segundo os quais ele já teria voltado à China. O vice-premiê Hui Liangyu também se encontra na Coréia do Norte para uma visita de seis dias.

- Os problemas não podem ser resolvidos com uma ou duas viagens e apenas com esforços diplomáticos da China - disse ela.

Um representante do Departamento de Estado dos EUA disse no domingo que Washington acredita ter o apoio do Conselho de Segurança para aprovar a resolução. A China, que detém o poder de veto no Conselho, se opõe às sanções.

Na semana passada, Hill viajou às pressas para Pequim, Seul e Tóquio, num esforço para preparar uma reação unificada aos lançamentos de mísseis realizados na quarta-feira, que intensificaram a tensão na região e expuseram suas divisões, por meio das reações das potências regionais.

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A China, apoiada pela Rússia, submeteu ao Conselho de Segurança uma proposta de declaração, na segunda-feira, temendo que seja adotada uma resolução que imponha sanções que poderiam abrir caminho para ações militares. A Coréia do Sul também é contra as sanções.

Mas os EUA, a Grã-Bretanha e o Japão discordaram da declaração proposta pela China.

Tóquio reiterou na terça-feira que pretende pedir a votação da resolução. O primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, disse a jornalistas:

- Não houve mudança em nossa posição básica.

O ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Aso, disse que o Japão quer que seja tomada uma decisão sobre a resolução antes da cúpula do G8 em São Petersburgo, entre 15 e 17 de julho, e que o teor mínimo da resolução seria uma proibição de fornecimento de tecnologia de mísseis à Coréia do Norte.

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A proposta provisória da China contém quase todos os elementos da proposta japonesa, mas não teria a força de lei.

A resolução japonesa evoca o capítulo 8 da Carta da ONU, que a torna obrigatória para todos os países-membros da ONU e, sob determinadas circunstâncias, fixa as bases para o uso de força militar.

Em conversações ministeriais entre as duas Coréias que terão lugar esta semana em Pusan, na Coréia do Sul, Seul pretende pressionar os delegados de Pyongyang para saber as razões dos testes de mísseis e quais são os planos nucleares do país.

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