A Coreia do Norte está se retirando de um gabinete de articulação conjunta com a Coreia do Sul perto da zona desmilitarizada entre os dois países (conhecida pela sigla em inglês DMZ), de acordo com um anúncio de autoridades sul-coreanas divulgado nesta sexta-feira (22). O escritório, criado no ano passado para facilitar a comunicação para projetos conjuntos, era considerado uma das maiores conquistas da recente aproximação entre os dois vizinhos.
A decisão da Coreia do Norte ocorre menos de um mês depois da fracassada cúpula de Hanói, entre Trump e o ditador norte-coreano Kim Jong-un, e um dia após os Estados Unidos imporem novas sanções que atingiram o país. Na quinta-feira (21), a administração do presidente Donald Trump anunciou sanções contra duas companhias chinesas de logística que ajudaram Pyongyang a contornar restrições americanas e do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A nova medida, segundo disse à CNN um oficial sênior da administração Trump, seria apenas parte de uma ação contínua para garantir que entidades e países não diminuam o cerco contra a Coreia do Norte. Ele reiterou ainda que isso não deveria ser visto como uma escalada de pressão econômica contra os norte-coreanos.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul afirmou em um comunicado que a nação lamenta a decisão e pede à Coreia do Norte que retorne ao escritório para dar continuidade ao trabalho de aproximação que estava sendo feito a fim de alcançar a paz na península.
Leia também: Coreia do Norte ameaça suspender conversas sobre desnuclearização com EUA
A retirada da Coreia do Norte é um banho de água fria nos esforços de Moon para a reaproximação com o Norte. O colapso da cúpula de Trump-Kim em Hanói, após Kim ter exigido o alívio de quase todas as sanções contra Pyongyang parece ter causado um duro golpe no processo.
O principal assessor de segurança nacional de Moon convocou uma reunião de emergência para discutir a postura da Coreia do Norte. O vice-ministro da Unificação, Chun Hae-sung, disse a repórteres que a decisão do Norte de se retirar é "lamentável" e que, embora a equipe norte-coreana tenha se retirado, "os sul-coreanos continuarão trabalhando".
O gabinete de articulação conjunta abriu em setembro do ano passado na cidade de Kaesong, ao norte da fronteira entre as duas Coreias, para promover laços bilaterais mais próximos. Kim e Moon chegaram a um acordo para abrir o escritório durante seu histórico encontro em abril.
A aproximação com o Norte tem sido uma peça central da presidência de Moon e está em frangalhos desde o dramático colapso da cúpula em Hanói.
Leia também: Coreia do Sul é a principal vítima do fracasso da cúpula de Hanói
Pesquisas mostram que a popularidade de Moon está no nível mais baixo desde sua posse há quase dois anos, já que sua reputação se tornou profundamente ligada ao processo de paz com o Norte. Ele tem recebido mais críticas de opositores internos por estar ansioso demais para melhorar os laços com o norte.
Impasse com os EUA
Um escritório de articulação semelhante em Washington e Pyongyang também foi discutido como um resultado potencial da cúpula do mês passado entre Trump e Kim. Horas antes de sua reunião ser anunciada sem um acordo, Kim disse que "acolheria" um escritório de articulação dos EUA em Pyongyang, enquanto Trump disse que isso seria "uma grande coisa".
Saiba mais: Armas nucleares não são as únicas de destruição em massa da Coreia do Norte
A proposta paralisou após o colapso das negociações sobre as diferenças quanto à definição de desnuclearização da Coreia do Norte e a extensão do alívio de sanções.
Receba informações sobre conflitos mundiais, estratégias de defesa e tecnologia militar assinando a nossa newsletter semanal Jogos de Guerra.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink