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índice global de escravidão

Coreia do Norte tem 2,6 milhões de ‘escravos modernos’, segundo estimativas

Esta imagem sem data, divulgada pela Agência Coreana Central de Notícias da Coréia do Norte em 17 de julho, mostra o ditador norte-coreano Kim Jong-un inspecionando uma fábrica  na província de North Hamgyong | KCNA VIA KNSAFP
Esta imagem sem data, divulgada pela Agência Coreana Central de Notícias da Coréia do Norte em 17 de julho, mostra o ditador norte-coreano Kim Jong-un inspecionando uma fábrica na província de North Hamgyong (Foto: KCNA VIA KNSAFP)

A Coreia do Norte tem a maior prevalência de ‘escravidão moderna’ em todo o mundo: 1 em cada 10 cidadãos são vítimas da prática, de acordo com estimativas de um novo relatório.

Mais de 2,6 milhões de pessoas vivem sob ‘escravidão moderna’ no país, segundo constatou o Índice Global de Escravidão, sendo que a grande maioria é forçada a trabalhar para o estado. O relatório, organizado pela Walk Free Foundation, também aponta que o governo norte-coreano foi o que menos fez para combater a escravidão, entre todos os países pesquisados, já que o próprio estado norte-coreano está envolvido em trabalho forçado dentro e fora do país. 

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O estudo define a escravidão moderna como a própria escravidão e inclui também o tráfico de seres humanos, o trabalho forçado, a servidão por dívidas, o casamento forçado ou servil e a venda e exploração de crianças. 

As descobertas acontecem em meio a negociações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, bem como conversas entre os dois países da península coreana, com foco na desnuclearização e em questões militares. Direitos humanos aparentemente estão sendo deixados de lado ou são secundários nas negociações. 

"Há um forte foco em bombas e mísseis, mas a tragédia norte-coreana é muito mais sobre a liberdade perdida através da brutal supressão do potencial humano", disse Andrew Forrest, fundador da Fundação Walk Free.

Metodologia e críticas

Sob a liderança de Forrest, um magnata australiano da mineração que se tornou militante antiescravagista, o Walk Free publica o Índice Global de Escravidão desde 2013. O indicador tem como objetivo estimar o número de escravos modernos em um país, em vez de apenas contar os casos relatados. A organização argumenta que a prática ilícita e geralmente secreta é mais difundida do que os registros mostram. 

No passado, alguns especialistas, como Anne Gallagher, especialista em tráfico humano, criticaram a metodologia das estimativas do Walk Free, embora a organização tenha revisado seu processo várias vezes em resposta a críticas. No ano passado, ela se uniu à Organização Internacional do Trabalho (OIT), filiada à ONU, para divulgar um relatório que estimava que 40,3 milhões de pessoas estavam sob alguma forma de escravidão moderna em todo o mundo, em qualquer dia do ano passado. 

Para o índice deste ano, o Walk Free associou-se ao Leiden Asia Center e ao Centro de Base de Dados para os Direitos Humanos Norte-Coreanos (NKDB), com sede em Seul, para obter estimativas mais precisas da Coreia do Norte. 

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Durante a pesquisa, eles conduziram entrevistas com 50 desertores norte-coreanos, dos quais 49 disseram ter sido submetidos a condições que atendiam à definição legal internacional de "trabalho forçado". 

"Embora o vácuo de informações apresente desafios, estamos confiantes de que os dados refletem a estimativa mais precisa sobre a penetração da escravidão moderna na Coreia do Norte", disse Fiona David, diretora executiva de pesquisa global da Walk Free, observando que o levantamento também levou em consideração uma variedade de dados preexistentes de organizações internacionais e organizações sem fins lucrativos. 

Amanda Mortwedt Oh, do Comitê para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, uma organização não filiada à pesquisa, disse que estava curiosa para saber por que a estimativa de 2018 era mais do que o dobro da estimativa do Índice de Escravidão Global de 2016. No entanto, ela não contestou as principais conclusões. 

"A Coreia do Norte é essencialmente um estado que usa seus próprios cidadãos para o benefício do regime de Kim", disse Mortwedt Oh, referindo-se à ditadura de Kim Jong-un e, antes dele, seu pai e seu avô. 

O maior crime

Em 2014, a Comissão de Inquérito da ONU sobre os Direitos Humanos na Coreia do Norte divulgou um relatório segundo o qual, devido à escala de suas violações aos direitos humanos, a Coreia do Norte "não tem paralelo no mundo contemporâneo". O relatório destacou o sistema de campos prisionais políticos do país: estimativas recentes sugeriram que cerca de 130 mil pessoas estavam detidas em quatro campos por supostos "crimes políticos". 

Nossa convicção: A dignidade da pessoa humana

A Coreia do Norte anunciou recentemente uma anistia para pessoas "condenadas pelos crimes contra o país e as pessoas" a partir de 1º de agosto. A data coincide com o 70º aniversário da fundação do país. Grupos de direitos humanos advertiram que houve anúncios anteriores e que não estava claro se um número significativo de pessoas seria libertado. 

Forrest disse que os dados da escravidão mostraram a necessidade de pressão internacional. "A implementação de programas maciços de trabalho forçado e a grande escala da escravidão moderna na Coreia do Norte é o maior crime do regime", disse Forrest. "Internacionalmente, tanto nos EUA como na Europa, precisamos colocar essa questão no centro das discussões com Kim Jong-un, e exigir liberdade imediata como parte de qualquer diplomacia ou cooperação com a Coreia do Norte". 

O Índice Global de Escravidão descobriu que além da Coreia do Norte, os países com a pior prevalência de escravidão foram Eritreia, Burundi, República Centro-Africana, Afeganistão, Mauritânia, Sudão do Sul, Paquistão, Camboja e Irã. O Brasil aparece em 142º lugar dos 167 países avaliados.

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