O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul convocou o embaixador da Rússia no país asiático nesta segunda-feira (21) para expressar a insatisfação de Seul com a transferência de tropas norte-coreanas para o território russo com o objetivo aparente de transferi-las para a linha de frente na Ucrânia, apoiando Moscou na invasão.
O vice-ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Kim Hong-kyun, transmitiu a posição do governo presidido por Yoon Suk-yeol durante uma reunião com o embaixador russo, Georgy Zinoviev, a quem pediu que solicite "a retirada imediata das tropas norte-coreanas" e que pare de colaborar nesse sentido, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul.
Kim, que lembrou que o fornecimento de armas norte-coreanas à Rússia desde 2023 também é uma violação das sanções da ONU contra Pyongyang por seus programas de armas de destruição em massa, "condenou nos termos mais fortes a cooperação militar ilegal, incluindo o envio de tropas norte-coreanas".
O vice-ministro das Relações Exteriores também advertiu que a Coreia do Sul "responderá com todos os meios possíveis, juntamente com a comunidade internacional, a qualquer ato que ameace os interesses fundamentais da República da Coreia" (nome oficial da Coreia do Sul).
A embaixada russa publicou uma declaração em sua página do Facebook dizendo que Zinoviev disse a Kim que a cooperação com a Coreia do Norte não é dirigida contra os interesses do Sul e que está sendo realizada "dentro da estrutura da lei internacional". Zinoviev também acrescentou que Seul e Moscou têm "posições opostas sobre as razões por trás da atual tensão na península coreana".
Na sexta-feira passada, o Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul afirmou que Pyongyang planeja enviar cerca de 12.000 militares para a Ucrânia e que 1.500 deles já foram transferidos na semana passada para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente russo.
O NIS divulgou imagens de satélite que mostram o movimento de navios de transporte da Marinha russa entre a costa nordeste norte-coreana e a cidade portuária russa de Vladivostok, bem como concentrações de militares norte-coreanos em bases militares no Extremo Oriente.
Ao mesmo tempo, as autoridades ucranianas alegaram que Moscou planeja enviar cerca de 10 mil militares norte-coreanos para a região de Kursk a partir de 1º de novembro para combater os avanços ucranianos.
A Rússia negou tais alegações, as quais considerou uma farsa, enquanto Pyongyang ignorou a questão por enquanto.
Analistas apontam que esse acordo entre Coreia do Norte e Rússia está em linha com o tratado de parceria estratégica bilateral assinado em junho, que prevê assistência militar mútua caso um dos países seja atacado.