O Governo da Coréia do Sul criticou hoje os comentários do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que questionou a acusação de que Exército japonês usou mulheres como "escravas sexuais" durante a Segunda Guerra Mundial, informou a agência sul-coreana "Yonhap".
As declarações de Abe divulgadas por uma agência internacional na quinta-feira são de que "não há provas de uso da força". As palavras criaram mal-estar na Coréia do Sul, de onde saíram muitas dessas mulheres.
Políticos governistas e de oposição na Coréia do Sul exigiram de Abe um pedido de desculpas pelo comentário, segundo a "Yonhap". O ministro de Relações Exteriores sul-coreano, Song Min-soon, também criticou as declarações.
"Qualquer um que ponha em dúvida o uso de escravas sexuais por parte do Imperialismo japonês durante a Segunda Guerra Mundial deve enfrentar a verdade", disse Song em Washington, onde se encontra numa viagem oficial.
Segundo a "Yonhap", o ministro afirmou que "os comentários não ajudam a forjar relações sadias e orientadas rumo ao futuro entre os dois países".
Choe Jae-seong, do partido governamental sul-coreano Uri, pediu aos representantes do Governo japonês que "ponham a mão no coração quando disserem algo sobre a história".
O oposicionista Park Yeong-gyu, porta-voz do partido GNP, considerou "absurdos e inadequados" os comentários de Abe, a quem pediu que "se retrate".
Uma resolução apresentada recentemente no Congresso dos Estados Unidos exige uma retratação "inequívoca" do Governo japonês pelo tratamento dado a até 200 mil mulheres de países ocupados pelo Japão entre 1931 e 1945, principalmente chinesas e coreanas.
Vítimas, historiadores e até ex-militares afirmam que muitas mulheres dos países ocupados foram raptadas e obrigadas e trabalhar em bordéis militares, chamados no Japão de "casas do conforto".
Em 1993, o então porta-voz do Executivo japonês, Yohei Kono, reconheceu que o Exército imperial obrigou mulheres asiáticas a serem "escravas sexuais" dos soldados.