A Coreia do Sul anunciou nesta quarta-feira (22) que prepara o maior exercício militar marítimo-terrestre da sua história, com uso de munição real, perto da Coreia do Norte, num momento em que a tensão na região começava a diminuir depois do ataque norte-coreano a uma ilha do Sul.A Coreia do Sul já fez disparos de artilharia na segunda-feira na ilha de Yeonpyeong, a mesma que foi alvejada pelo Norte em novembro, causando quatro mortes. Na quinta-feira, Seul deve mobilizar artilharia, caças e o maior contingente já reunido num exercício em tempos de paz.
O Ministério de Defesa sul-coreano disse também que de quarta a sexta-feira o país realiza exercícios navais na costa leste da península. A agência de notícias Yonhap afirmou que a atividade, também com munição real, ocorre cem quilômetros ao sul da fronteira marítima com o Norte, e envolve pelo menos seis embarcações.
O general sul-coreano Ju Eun-shik disse em nota que a Coreia do Sul irá "impor um golpe punitivo" se a Coreia do Norte repetir qualquer agressão ao Sul.
O regime norte-coreano não se manifestou, e a KCNA, agência oficial de notícias do governo comunista, priorizou a cobertura de uma visita do líder Kim Jong-il a uma central elétrica.
Um oficial do Exército sul-coreano admitiu que os exercícios são "uma demonstração de força" em reação ao bombardeio norte-coreano de novembro. Acrescentou que atividades como essa já foram realizadas em mais de 50 ocasiões, mas nunca nessa escala.
"Quando normalmente teríamos 6 artilharias mecanizadas K-9, teremos 36. Teremos os jatos F-15 disparando. Teremos helicópteros. Pode-se dizer que a maior parte dos equipamentos mecanizados que participarem estará disparando munição real".
A atividade terrestre ocorrerá na região de Pochoen, menos de 50 quilômetros ao norte do centro de Seul.
O bombardeio norte-coreano a Yeonpyeong foi o mais grave incidente desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), e matou quatro pessoas, inclusive dois civis.
Na segunda-feira, a Coreia do Norte reagiu verbalmente aos treinamentos com munição real da Coreia do Sul em Yeonpyeong, e ameaçou atacar se os exercícios prosseguissem. Analistas dizem que a opção mais provável do Norte seria realizar seus próprios exercícios militares ou testar um míssil de curto alcance na sua costa oeste.
A China, única aliada relevante da Coreia do Norte no mundo, fez um apelo por diálogo para resolver a crise, e estimulou Pyongyang a cumprir a recente promessa de autorizar a volta de inspetores da ONU às suas instalações nucleares.