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Habitantes da Coreia do Sul na região da fronteira com o Norte estão sendo vítimas da mais nova arma da ditadura de Pyongyang: sistemas de som que disparam barulhos enlouquecedores.
Segundo uma reportagem da agência France-Presse (AFP), todas as noites sons variados estão sendo disparados de alto-falantes postados perto da fronteira entre os dois países: de tiros, gritos, risadas assustadoras, bombas, animais.
A reportagem da agência francesa esteve na ilha sul-coreana de Ganghwa, a apenas dois quilômetros da Coreia do Norte, e verificou in loco que o volume dessas transmissões ultrapassa 80 decibéis, sendo que a exposição a níveis de ruído acima de 60 decibéis à noite já aumenta o risco de distúrbios do sono.
“Os sons pacíficos da natureza agora foram abafados. Tudo o que ouvimos é esse barulho”, disse Kim Yun-suk, moradora de 56 anos de Ganghwa.
Moradores da região se queixam que as autoridades da Coreia do Sul por ora pouco fizeram para acabar com o barulho – uma moradora de 37 anos esteve recentemente na Assembleia Nacional do país, em Seul, e de joelhos e às lágrimas, pediu uma solução.
Dados publicados numa reportagem do jornal Korea JoongAng Daily mostraram que, dos 102 moradores de áreas ao longo da fronteira na cidade de Gimpo, na província de Gyeonggi, 29 foram classificados como de “alto risco” ou “requerendo atenção especial” devido ao estresse causado pelos barulhos.
Na Cidade Metropolitana de Incheon, o governo local decidiu gastar 350 milhões de wons (R$ 1,45 milhão) para instalar equipamentos de isolamento acústico em 35 casas na vila de Dangsan. A estimativa é que ao menos 22,6 mil moradores da região foram afetados pelo barulho.
A agressão sonora é apenas a estratégia mais recente da Coreia do Norte para ameaçar o Sul democrático, já que os testes de mísseis vêm sendo intensificados e este ano ocorreu o bizarro episódio dos balões com lixo e fezes enviados para o país vizinho.