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No Lincoln Park, em Los Angeles, pessoas esperam em fila para fazer teste de Covid-19.
No Lincoln Park, em Los Angeles, pessoas esperam em fila para fazer teste de Covid-19.| Foto: AFP

Os Estados Unidos fizeram grande progresso em suprimir a propagação do SARS-CoV-2, o vírus que causou a pandemia de Covid-19. Infelizmente, em meados de junho o número de novos casos começou a aumentar, e agora a incidência diária está excedendo em muito o que foi visto durante o pico inicial da pandemia.

Há vários estados que são focos do aumento atual de casos. Grande parte da atenção da imprensa está voltada à Flórida e ao Texas. Ambos foram criticados por reabrir muito cedo, mas um estado não pode ser criticado por afrouxar restrições cedo demais.

A Califórnia foi cautelosa ao reabrir e manteve muitas das medidas de mitigação durante esse período. Na época em que o Texas estava na terceira fase de reabertura, a Califórnia havia começado a passar para a segunda, mas mesmo assim está vendo um aumento semelhante nos casos. Os fatos sugerem que o aumento recente é resultado de um público que não coopera, mais do que de uma falha na reabertura.

A Califórnia tem sido lenta e cautelosa ao afrouxar as restrições de acordo com cada município. Por exemplo, alguns restaurantes foram abertos, desde que os estabelecimentos atendam a determinadas diretrizes, mas os salões de beleza, eventos públicos e esportivos com plateias permanecem suspensos. A Califórnia também impõe obrigatoriedade de máscara em todo o estado desde 18 de junho. Além disso, o governador Gavin Newsom está decidido em esperar por uma vacina para depois retomar a vida normal.

Com tanto foco em cuidado, por que a Califórnia viu um aumento tão grande nos casos?

Newsom recentemente culpou os “jovens invencíveis”: jovens adultos que não estão se precavendo contra a doença. O governador, então, ordenou o fechamento de bares e áreas internas de restaurantes em muitos condados, incluindo em Los Angeles, Orange e Sacramento.

Bares e pubs oferecem um ambiente particularmente propício à transmissão de doenças respiratórias, pois os clientes se aglomeram e gritam pedidos de bebida para se sobressair em meio ao barulho da multidão e, geralmente, música alta. Curiosamente, muitos bares e restaurantes na Califórnia não cumprem as diretrizes de ocupação; não surpreende, portanto, que muitos dos novos casos possam ser vinculados a esses estabelecimentos.

Além disso, muitos americanos simplesmente não sabem usar máscaras da forma correta - por exemplo, deixando o nariz exposto ou puxando a máscara para baixo para conversar com outras pessoas, impedindo, assim, qualquer benefício que a máscara possa ter. Também é impossível ignorar que o aumento nos novos casos de Covid-19 tenha começado em meados de junho, um mês bastante movimentado.

Pelo menos uma das manifestações após o assassinato de George Floyd contou com a presença de cerca de 500 a mil pessoas. Os protestos ocorreram em muitas cidades da Califórnia e, contrariando os objetivos declarados pelas autoridades de saúde pública durante uma pandemia ativa, muitos legisladores incentivaram a participação. Inclusive o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, participou de um dos protestos e não usou máscara. Garcetti mais tarde admitiu que os protestos provavelmente estavam ligados a um grande número de novos casos.

De falta de conformidade às medidas de isolamento a grandes protestos, muitos dos fatores que levaram ao surgimento de novos casos provavelmente foram independentes dos esforços de reabertura ou de qualquer política que visasse mitigar a disseminação da Covid-19.

Quando o calor do momento após a morte de Floyd alcançou um ponto febril, era improvável que as grandes multidões cooperassem com distanciamento social e medidas de mitigação.

Dito isto, se os formuladores de políticas priorizassem a saúde pública e suprimissem a pandemia, não deveriam ter incentivado os protestos.

A boa notícia é que os manifestantes e clientes de bares são tipicamente muito mais jovens que a população em alto risco de mortalidade ou gravidade devido ao coronavírus. Entre 18 de junho e 7 de julho, a Califórnia somou mais de 110 mil novos casos, o que representou um aumento de 72%. A maioria são de pessoas entre 18 e 49 anos, enquanto a grande maioria da mortalidade ocorre entre aqueles com 65 anos ou mais.

A Califórnia, bem como outros estados, está reagindo à mudança dos fatos em campo. Os eventos do mês passado foram extraordinários, mas, no futuro, todos nós devemos continuar levando a pandemia a sério, equilibrando a necessidade de retomar a vida americana normal na medida do possível.

O aumento de novos casos é preocupante — não importa o estado —, mas devemos moderar nossa avaliação da situação por riscos relativos à população mais jovem, que é menos vulnerável às manifestações graves da doença.

Há razões para otimismo, pois, apesar do grande número de casos, provavelmente não voltaremos à terrível situação que caracterizou os estágios iniciais da pandemia.

* Kevin Pham é médico, colaborador no The Daily Signal e ex-associado de pós-graduação em políticas de saúde na The Heritage Foundation.

© 2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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