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Coronavírus

China acusa EUA de causar pânico por medidas contra o coronavírus

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EUA impuseram restrições de viagens para passageiros vindos da China por causa do coronavírus (Foto: Mark RALSTON/AFP)

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O governo chinês acusou os Estados Unidos de causar pânico ao declararem emergência nacional por causa da epidemia de coronavírus na China. Nesta segunda-feira (3), a porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China, Hua Chunyng, disse que as ações do governo americano "poderiam apenas criar e espalhar medo".

O comentário vem dias depois de a Casa Branca ter proibido temporariamente a entrada de estrangeiros vindos da China em seu território. De acordo com as autoridades sanitárias do país, as medidas têm como objetivo diminuir o risco de propagação do coronavírus internamente. Nos Estados Unidos, oito casos foram confirmados, sendo que um deles foi transmitido entre pessoas dentro do país – as demais infecções foram contraídas na China.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia orientado os países a não adotarem medidas restritivas de viagem e comércio, o que foi lembrado pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. "Alguns países, em particular os EUA, reagiram inadequadamente, o que certamente contraria os conselhos da OMS", disse ela. Austrália e Cingapura também impuseram restrições de entrada por causa da epidemia chinesa de coronavírus. Nova Zelândia e Israel proibiram a entrada de pessoas vindas da China continental, enquanto Japão e Coreia do Sul estão barrando pessoas que visitaram a província de Hubei, onde o surto de coronavírus teve início.

“O governo dos EUA não nos forneceu nenhuma assistência substancial, mas foi o primeiro a retirar o pessoal de seu consulado em Wuhan, o primeiro a sugerir a retirada parcial de seu pessoal da embaixada e o primeiro a impor uma proibição de viagem a viajantes chineses. Tudo o que fez só pode criar e espalhar o medo, o que é um mau exemplo".

A OMS já havia declarado emergência em saúde pública de interesse internacional por causa do risco de surto global da doença. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na sexta-feira que as restrições de viagem podem causar mais danos do que benefícios, "impedindo o compartilhamento de informações e as cadeias de suprimentos médicos e prejudicando as economias". "Instamos os países e as empresas a tomar decisões consistentes e baseadas em evidências".

Números do coronavírus

Neste fim de semana foi registrada a primeira morte por coronavírus fora da China. Um chinês de 44 anos morreu neste sábado (1º) nas Filipinas. Oriundo de Wuhan, ele havia chegado ao país em 21 de janeiro, após ter viajado por Hong Kong. A esposa dele é um dos casos confirmados de coronavírus nas Filipinas.

Na China continental, mais 57 pessoas morreram neste domingo, elevando para 362 o número de vítimas do coronavírus. O número de infecções está em 17.485, das quais 17.302 foram registradas na China continental. A taxa de mortalidade do coronavírus é de 2%. No Brasil, há 16 casos suspeitos do coronavírus, nenhum confirmado até esta segunda-feira de manhã.

Perdas financeiras na China

O coronavírus fez com que as bolsas na China abrissem em queda nesta segunda-feira (3), após o feriado prolongado do Ano Novo Lunar. A bolsa de Xangai abriu em queda de 8,7%, enquanto a bolsa de Shenzhen operava com queda de 9%, mesmo após o Banco Central chinês anunciar uma injeção de US$ 175 bilhões.

Hospital temporário

A China concluiu neste domingo (2) a construção de um grande hospital temporário na cidade de Wuhan para atender casos de infecção por coronavírus. Uma força-tarefa coordenada pelo governo central permitiu que a obra fosse entregue em apenas 10 dias. O centro de tratamento tem capacidade de 1.000 leitos e, de acordo com a agência estatal Xinhua, 1.400 médicos e profissionais de saúde devem ser deslocados para trabalhar lá durante a epidemia de coronavírus. Um segundo hospital, com capacidade para 1.500 leitos, está sendo construído e deve ser concluído em 6 de fevereiro.

Desespero em Wuhan

Uma reportagem do New York Times publicada neste domingo (2) mostrou que a epidemia de coronavírus em Wuhan pode ser ainda pior do que o governo chinês está reportando. Moradores de Wuhan, a cidade onde o surto começou, contaram à jornalista Amy Qin que os hospitais estão lotados, faltam kits de teste para o coronavírus e que muitos pacientes são mandados para quarentena em suas próprias casas, sem atendimento médico.

"Aqueles que podem ser diagnosticados e tratados são os sortudos", disse Long Jian, um dos entrevistados. "No nosso bairro, muitos que não foram capazes de serem diagnosticados acabaram morrendo em casa". Long contou ainda que o pai dele teve que ir em seis hospitais e esperar sete dias para conseguir fazer o teste para a infecção por coronavírus, que deu positivo.

Wuhan está sob bloqueio parcial desde que as autoridades chinesas limitaram a entrada e saída de pessoas da cidade, há mais de 10 dias. De acordo com o jornal South China Morning Post, 260 soldados chineses assumiram o controle da logística de bens essenciais na cidade. Nesta segunda-feira (3), de acordo com a TV estatal chinesa CCTV, eles entregaram 200 toneladas de suprimentos para supermercados em Wuhan, usando 50 caminhões do exército.

Conteúdo editado por: Isabella Mayer de Moura

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