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Cidadãos chineses desconfiam dos exageros da imprensa estatal na cobertura do coronavírus| Foto: NICOLAS ASFOURI/AFP

O governo da China está enfrentando críticas generalizadas de seus próprios cidadãos pela maneira como lidou com o surto do coronavírus em Wuhan, província central de Hubei.

Pequim lançou uma campanha massiva de propaganda com histórias de heroísmo chinês na luta para conter o coronavírus, destinado a unificar os cidadãos do país em apoio ao governo. No entanto, os esforços do governo enfrentaram desprezo nas mídias sociais chinesas, onde os cidadãos reclamam abertamente da resposta de Pequim à crise, informou o New York Times na quarta-feira.

O Times citou uma postagem de blog de um advogado, Deng Xueping, exorcizando o governo por causa do coronavírus. Deng mencionou uma história divulgada na imprensa estatal sobre uma mulher que foi tratada em um hospital de Wuhan, mas gostava tanto de permanecer no hospital que não queria sair.

"Quando muitos pacientes em Wuhan estavam lutando para obter tratamento, nossa câmera de TV optou por recorrer a um paciente ambulatorial feliz", escreveu Deng no post. "Ao ampliar a felicidade de um indivíduo e ao mesmo tempo esconder os sofrimentos da maioria das pessoas, é difícil dizer que essa cobertura sobre a epidemia foi verdadeira".

Algumas histórias publicadas pela imprensa estatal são completamente inacreditáveis. Um jornal na cidade de Xi'an, no centro da China, foi forçado a retratar uma história detalhando como os gêmeos recém-nascidos de uma enfermeira perguntaram ao pai onde sua mãe havia ido. O Times citou outro jornal chinês que informou que o marido de outra enfermeira, o qual está em estado vegetativo desde 2014, sorria sempre que "ouvia" o nome de sua esposa, "como se soubesse que sua esposa estava envolvida em um grande esforço".

Também há uma raiva generalizada pela condenação inicial, pelo governo, de oito médicos que tentaram alertar outras pessoas sobre o surto da doença do tipo Sars em Wuhan, no final de dezembro e início de janeiro, antes que o surto se tornasse assunto de conhecimento público. Um desses médicos, Li Wenliang, tentou avisar os colegas da escola de medicina sobre a doença.

Depois que Li foi repreendido pelo governo local de Wuhan por espalhar “rumores”, ele contraiu o vírus de um paciente que ele não sabia estar infectado e dias depois morreu da doença.

A China também mudou seus critérios de diagnóstico para o coronavírus várias vezes, causando confusão sobre o número de casos confirmados no país. Um oficial de saúde da província de Hubei, o epicentro do surto, acusou o governo de falta de transparência e precisão em relação à notificação de casos.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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