Uma acentuada queda nas exportações e importações entre Coreia do Norte e China tem deixado os norte-coreanos ainda mais vulneráveis ao risco de falta de alimentos durante a pandemia do novo coronavírus. O número de pessoas com dificuldades econômicas tem crescido e grupos vulneráveis já começaram a enfrentar a fome, segundo relatos de meios de comunicação asiáticos.
Após o surgimento do novo coronavírus na cidade chinesa de Wuhan, o regime de Kim Jong-un suspendeu todo o turismo estrangeiro no final de janeiro e em fevereiro fechou quase totalmente a sua fronteira com a China, a maior fonte de auxílio e apoio diplomático ao regime norte-coreano.
Estima-se que o bloqueio à maior parte da circulação de bens e pessoas tenha tido um efeito devastador economia norte-coreana, que já enfrenta pesadas sanções internacionais. O problema é agravado pelo grande número de trabalhadores norte-coreanos que estão em quarentena, situação que pode levar a já fraca economia da Coreia do Norte ao colapso.
As exportações da Coreia do Norte para a China somaram apenas US$ 610 mil no mês de março, segundo relatório de autoridades alfandegárias chinesas. O documento afirma que a queda do total de exportações e importações entre os dois países foi de 91,3%, noticiou o Asia Press.
O regime de Kim Jong-un importou US$ 18,03 milhões de produtos chineses no período, segundo o relatório chinês, que informa que as importações de alimentos despencaram.
Os controles mais rígidos na fronteira afetaram também o abastecimento de medicamentos na Coreia do Norte.
Uma fonte relatou ao Asia Press que os medicamentos são no momento os itens mais escassos na província de Ryanggang, norte do país: "No ano passado, o regime proibiu indivíduos e lojas que não são farmácias de vender medicamentos e, devido às pesadas restrições que seguiram, não é possível encontrar mais [medicamentos]. Contrabandistas em busca de uma boa oportunidade de negócios fazem propostas a chineses, dizendo que os medicamentos valem o seu peso em ouro, mas [os chineses] não concordam com os planos porque os controles estão mais rígidos nos dois lados da fronteira."
Mistério sobre paradeiro de Kim
Os rumores sobre o estado de saúde de Kim Jong-un aumentaram nas últimas semanas devido à sua ausência em eventos públicos. Especula-se que ele esteja em estado grave após uma cirurgia, se escondendo do vírus no litoral ou até que ele tenha morrido.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse na quarta-feira (30) que os EUA "não viram" Kim recentemente e ressaltou a ameaça da fome aos norte-coreanos.
Pompeo disse em entrevista que não tinha novas informações e que os Estados Unidos estão acompanhando de perto a situação na Coreia do Norte. "Estamos observando de perto, monitorando o que está acontecendo, não apenas com o próprio Kim, mas mais amplamente na Coreia do Norte", disse Pompeo.
"Existe o risco de Covid lá e existe o risco real de que haja fome, escassez de alimentos dentro da Coreia do Norte. Estamos acompanhando essas duas situações de perto, porque elas têm impacto na nossa missão, que é finalmente desnuclearizar a Coreia do Norte", afirmou o chefe da diplomacia americana.
"Fome matará mais rápido que o coronavírus"
Um pessoa que mora na Coreia do Norte disse ao Asia Press que há cada vez mais norte-coreanos que só podem ter duas refeições por dia e que alguns lares não têm mais alimentos. "As pessoas estão dizendo que a morte virá mais rápido pela fome do que pelo coronavírus", disse a fonte.
A última aparição pública de Kim foi em uma reunião de seu partido em 11 de abril. O jornal estatal da Coreia do Norte, Rodong Sinmum, não publica uma fotografia do ditador há 20 dias, segundo monitoramento do site North Korea News.
Até o momento, o regime diz que não houve casos de Covid-19 na Coreia do Norte, o que possivelmente não é verdade.
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