A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta quinta-feira (30) que o surto do novo tipo de coronavírus que surgiu na China constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional. A declaração foi feita após reunião de emergência da entidade em Genebra, Suíça.
Na semana passada, a OMS havia afirmado que a propagação do vírus ainda não constituía uma emergência global. Porém, com o aumento do número de casos e a constatação de transmissão entre pessoas em alguns casos fora da China, a entidade convocou novamente o seu comitê de emergência e reavaliou sua posição.
"Nas últimas semanas, assistimos a emergência de um patógeno previamente desconhecido, que escalou para um surto sem precedentes, e que teve uma resposta sem precedentes", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, que elogiou as medidas tomadas pelo governo chinês para conter a propagação do vírus.
"Nós não sabemos que tipo de prejuízos esse vírus poderia causar se for propagado a um país com sistema de saúde mais precário. Devemos agir agora para ajudar os países a se preparar para essa possibilidade", disse Ghebreyesus.
Ghebreyesus afirmou ainda que a declaração de emergência não é um voto de desconfiança na China, que estaria estabelecendo um novo padrão de resposta a surtos de doenças. "China deve ser parabenizada pelas medidas extraordinárias para conter o coronavírus", declarou. "O país asiático tem feito coisas incríveis para limitar transmissão a outros países". O presidente do comitê de emergência, Didier Houssin, acrescentou: "A China tem feito um esforço tremendo contra o coronavírus, com transparência".
O diretor da OMS ressaltou que não há necessidade para medidas que interfiram desnecessariamente com o comércio e viagens internacionais. A organização deve emitir recomendações para os países.
Até o momento, existem 9.692 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus na China. O vírus já causou a morte de 213 pessoas, todas na China, e 171 pessoas já foram curadas no país. Existem 98 casos da doença em 18 países além da China, incluindo oito casos de transmissão de pessoa para pessoa em quatro países (Alemanha, Japão, Vietnã e Estados Unidos). No Brasil, existem nove casos suspeitos e nenhum caso confirmado. Na China, 143 pessoas que foram infectadas já se recuperaram da doença.
O que significa a declaração de emergência global?
A OMS considera a declaração de emergência global um "evento extraordinário" que constitui um "risco de saúde pública para outros Estados por meio da propagação internacional da doença" e que "potencialmente exige uma resposta internacional coordenada". A medida sinaliza que os países devem aumentar seus esforços de contenção da doença e permite que a OMS ofereça maior apoio aos países com sistemas de saúde mais precários. Esta é a sexta vez que a organização declara emergência global desde 2009, após os seguintes casos:
- Pandemia de gripe suína em 2009, que matou cerca de 284.500 pessoas;
- Epidemia de ebola entre 2013 e 2016 na África Ocidental, que causou a morte de 11.300 pessoas;
- Surto de pólio em 2014, que matou 417 pessoas
- Vírus da Zika em 2016, que se espalhou para 60 países e provocou cerca de 2.300 casos de bebês que nasceram com microcefalia;
- Ebola na República Democrática do Congo em 2019, que até janeiro deste ano já causou 2.236 mortes.
A partir dessa decisão, a OMS emitirá recomendações temporárias, que não são vinculantes, mas são medidas práticas que podem abordar viagens, comércio, quarentena, triagem e tratamento. A OMS também pode estabelecer padrões globais de práticas.
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