Vários países começaram gradualmente e com cautela a abrandar as medidas de restrição impostas para conter a disseminação da Covid-19 em seus territórios, após observarem quedas nos números de mortes e infecções pelo novo coronavírus.
O processo de deixar as medidas de isolamento, que têm grandes impactos nos negócios e na vida de milhões de pessoas, e retomar as atividades econômicas é um desafio complexo aos países e exige rígido monitoramento sobre novos casos de infecção pelo vírus, que já matou mais de 285 mil pessoas globalmente.
A Organização Mundial da Saúde alertou nesta segunda-feira que os países que começam a sair do lockdown devem adotar medidas de controle rápidas se houver salto nos casos da doença.
"No fim de semana, vimos sinais dos desafios que podem surgir pela frente. Na Coreia do Sul, bares e clubes foram fechados porque um caso de Covid-19 foi confirmado e houve muitos contatos rastreados. Em Wuhan, foi identificado o primeiro cluster de casos desde que o lockdown foi suspenso. E a Alemanha também relatou aumento de casos desde o alívio das restrições", alertou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que reconheceu que as medidas de confinamento têm um custo e causam sério impacto socioeconômico.
Tedros destacou que os países precisam responder três perguntas antes de pensar na flexibilização: a epidemia está sob controle? O sistema de vigilância de saúde pública é capaz de detectar e gerenciar novos casos e identificar um ressurgimento da pandemia? O sistema de saúde pode lidar com os novos casos que eventualmente surjam após o relaxamento de medidas?
Saiba como algumas das nações que impuseram as medidas mais rígidas de lockdown estão adaptando as suas estratégias de combate à pandemia enquanto buscam recuperar suas economias:
China
Em meados de março, o governo chinês começou a relaxar as restrições de quarentena na província central de Hubei, onde foram registradas a maioria dos casos e mortes por coronavírus na China. Com isso, viagens entre cidades foram permitidas para pessoas consideradas saudáveis.
Já em abril, a cidade de Wuhan, onde a epidemia surgiu, começou a mostrar algum sinal de normalidade com a volta do transporte público e com cerca de 94% das empresas sendo autorizadas a reabrir. Mais recentemente, o governo chinês autorizou a reabertura de cinemas, galerias de arte, museus, bibliotecas, academias, shopping centers, hotéis e restaurantes - porém, com um número limitado de pessoas nos ambientes.
Nesta segunda-feira, o parque da Disney reabriu em Xangai, após quase quatro meses fechado. Todos os visitantes precisam usar máscaras e respeitar o distanciamento social nas filas para as atrações. A entrada de pessoas está sendo limitada e certas áreas permanecerão fechadas.
Algumas escolas também retomaram as atividades nas últimas semanas. Em Pequim e Xangai, alunos do ensino médio podem entrar nas escolas se estiverem saudáveis. A temperatura deles está sendo averiguada, até duas vezes por dia, e a distância entre as mesas na sala de aula não pode ser inferior a um metro - portanto há menos alunos em cada sala. Nesta segunda-feira, milhares de alunos que cursam os anos finais do ensino fundamental em grandes cidades chinesas voltaram às aulas. Em algumas províncias, estudantes universitários também estão gradualmente retomando as aulas presenciais.
A economia da China registrou uma contração de 6,8% no primeiro trimestre de 2020, resultado de até três meses de confinamento por causa da Covid-19. Em abril, porém, as exportações chinesas aumentaram pela primeira vez no ano, enquanto o país vendia máscaras, testes, respiradores e outros equipamentos médicos para várias partes do mundo. Com o aumento da demanda por esses itens, várias fábricas mudaram de segmento para lucrar com o mercado em ascensão.
Porém, analistas acreditam que a economia chinesa deve continuar em retração ou com crescimento muito menor do que o esperado, porque a demanda interna de produtos tem diminuído - vide a diminuição nas importações - e porque o país depende da recuperação das economias ocidentais, grandes compradoras de produtos chineses. Também há um movimento crescente para a retirada de cadeias de produção da China. O Japão, por exemplo, já destinou milhões de dólares para ajudar empresas a tirar suas fábricas da China.
A reabertura dos comércios trouxe consigo o risco de uma nova onda da doença. Neste fim de semana, focos de coronavírus foram identificados em Wuhan e em Shulan, na província de Julian. As autoridades de Shulan, onde 11 casos de transmissão comunitária foram identificados no sábado, decretaram confinamento total e todos os locais públicos foram temporariamente fechados. A cidade é a única no país considerada de alto risco e onde medidas restritivas mais rígidas estão em vigor.
Nova Zelândia
A Nova Zelândia vai entrar em uma nova fase de reabertura da economia nesta semana, depois de 52 dias de lockdown. A partir de 14 de maio, empresas de varejo, cabeleireiros, cafés, academias, cinemas, shoppings e playgrounds poderão reabrir as portas. Os neozelandeses também vão poder socializar novamente com amigos e familiares que não moram com eles. As escolas vão reabrir na próxima segunda-feira.
De acordo com a primeira-ministra, Jacinda Ardern, há apenas 90 casos de coronavírus ativos no país e apenas dois pacientes internados com Covid-19. Vinte e uma pessoas morreram por causa da doença, mas o número não aumenta desde 6 de maio.
Ao contrário da maioria dos países que seguiu a tática de retardar a propagação do vírus para achatar a curva epidemiológica, a Nova Zelândia optou por medidas de isolamento mais rígidas para eliminar a doença do país. A eliminação, segundo o governo, não significa zero infecção, mas que as autoridades de saúde sejam capazes de identificar e rastrear de onde os casos estão vindo.
A reabertura de bares ocorrerá somente em 21 de maio. A experiência da Coreia do Sul, que teve um aumento de casos nos últimos dias, relacionados à vida noturna de Seul, deixou o governo neozelandês em alerta. No próximo mês, os jogos da liga de Super Rugby da Nova Zelândia devem ser retomados.
Contudo, a proibição de aglomerações continua valendo. Encontros, reuniões, casamentos, funerais serão limitados a 10 participantes, inclusive nos restaurantes.
Apesar de ser considerado um caso de sucesso na contenção do coronavírus, a Nova Zelândia enfrentará tempos difíceis. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional, a economia do país deve contrair mais de 7% em 2020. Outros economistas preveem um tombo muito maior, de cerca de 10%. Isso porque o país depende muito da indústria do turismo, que emprega um em cada sete neozelandeses e representa, diretamente, quase 6% do PIB, e mais 4% indiretamente.
Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira o início do encerramento da quarentena imposta em todo o país, a partir de amanhã. Mesmo com o fim do confinamento, Putin alertou que as medidas sanitárias adotadas durante a pandemia do novo coronavírus continuarão em vigor. O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Rússia registra seu recorde diário de novos casos de Covid-19: 11.656 diagnósticos positivos para a doença, de ontem para hoje.
Com esse número, o país chegou a ultrapassar a taxa de infectados do Reino Unido e da Itália, ocupando o terceiro lugar na lista de países com mais doentes, com 221.344 pessoas com o novo coronavírus, atrás apenas da Espanha e dos Estados Unidos (após a atualização do governo britânico, porém, o Reino Unido voltou a ocupar a terceira colocação). Ao todo, a Rússia contabilizou pouco mais de 2 mil mortes, número pequeno se comparado à taxa de infectados. Segundo o governo local, isso se deve graças a um programa de testagem massiva adotado no país.
Moscou, a cidade mais atingida pela pandemia, impôs as regras mais rígidas para conter a transmissão do vírus e não deve abandonar as restrições até pelo menos 31 de maio. Apenas estabelecimentos que vendem alimentos e medicamentos estão abertos na capital russa. As escolas estão fechadas e a maioria da população está trabalhando de casa. O uso de máscaras e luvas será obrigatório no transporte público a partir da terça-feira em Moscou.
A recomendação é de que a população evite viagens entre cidades da Rússia. Várias cidades têm fiscalização policial e só permitem a entrada de residentes registrados.
Em todo o país, serviços não-essenciais foram obrigados a fechar e os empregadores tiveram que continuar pagando os funcionários. No entanto, Putin delegou grande parte das decisões sobre medidas de bloqueio às autoridades regionais, segundo o Moscow Times.
Putin informou nesta segunda-feira que pessoas de alguns setores voltarão ao trabalho, mas as proibições de aglomerações públicas continuarão em vigor. "Temos um processo longo e difícil diante de nós, sem espaço para erros", disse o presidente russo em pronunciamento transmitido pela televisão, noticiou a imprensa internacional.
Os setores que devem retornar primeiro na Rússia são os de construção civil, agricultura e energia.
O prefeito de Moscou anunciou que as empresas locais de construção e indústrias poderão ser reabertas a partir da terça-feira. O setor de serviços permanecerá sob lockdown e restaurantes e cinemas devem ser os últimos a reabrir, disse o prefeito, segundo a imprensa local.
Desde o início de abril, o número oficial de desempregados dobrou na Rússia, relatou Putin, que anunciou novo pacote de medidas econômicas. Entre elas, bônus para profissionais de saúde, subsídios para empresas que estão mantendo a maioria dos funcionários e auxílio a famílias com crianças.
Alemanha
O governo federal e os governos estaduais da Alemanha anunciaram na semana passada a redução gradual das medidas de restrição impostas desde março para combater o coronavírus. O relaxamento das regras vem com um “freio de segurança” – se as regiões observarem aumento das infecções pelo coronavírus, as medidas rígidas devem retornar.
A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou as mudanças na quarta-feira (6). “Passamos a fase inicial da pandemia. Chegamos ao ponto em que podemos dizer que alcançamos o objetivo de tornar a propagação do vírus mais lenta e proteger o sistema de saúde de uma sobrecarga”, afirmou Merkel.
As medidas permitem a reabertura total do comércio, ainda com regras de distanciamento social e higiene em vigor. O número de funcionários e de clientes está limitado de acordo com o tamanho das lojas. Uma etapa anterior havia permitido a reabertura de estabelecimentos de até 800 metros quadrados.
Treinos e competições esportivas em espaços abertos foram novamente permitidos, desde que a distância de 1,5 metro entre as pessoas seja cumprida. A volta aos jogos de futebol da Bundesliga, sem espectadores, deve acontecer em meados de maio, em data que será decidida pela liga. Grandes eventos com público estão proibidos até pelo menos 31 de agosto.
As regras para o contato pessoal também foram relaxadas; pessoas de até duas residências podem agora se encontrar em espaços públicos, mantendo a distância de segurança de 1,5 metro. As medidas têm variações entre os estados.
Os alunos voltarão gradualmente para as escolas e creches ainda antes das férias de verão. Os detalhes do retorno também são definidos pelos estados.
Embora os estados tenham autoridade para decidir quando e como serão reabertos os seus estabelecimentos, o governo federal exigiu que as medidas mais rígidas de isolamento retornem em caso de aumento de casos de Covid-19. O acordo é que, se uma cidade registrar mais de 50 novas infecções por 100 mil habitantes ao longo de sete dias, deverá adotar imediatamente as medidas mais rígidas até que o número volte a ficar abaixo de 50 casos em sete dias.
O alerta foi aceso nesta segunda-feira (11), quando as autoridades sanitárias da Alemanha informaram que a taxa de infecção no país subiu para níveis que indicam uma evolução exponencial no número de casos. Segundo disse um porta-voz do Ministério da Saúde do país, o aumento do índice de contaminação não significa que a Alemanha perdeu o controle sobre o vírus.
De acordo com dados do Instituto Robert Koch, agência de saúde estatal alemã, houve 357 novos casos de covid-19 no país nas últimas 24 horas, além de 22 mortes contabilizadas, elevando o total para 169.575 infectados e 7.417 óbitos.
O Instituto Robert Koch afirmou em seu boletim diário que o número de pessoas que cada infectado pelo coronavírus contagia, chamado de taxa de contágio, ou R, subiu pelo segundo dia consecutivo na Alemanha e está em 1,13. Quando esse índice passa de 1, significa que o número de infecções está crescendo. Esse é um dos principais dados usados pelo governo alemão para definir a sua política de combate à pandemia.
A taxa de contágio na Alemanha era de 0,83 na sexta-feira e de 1,1 no sábado. Quando o governo federal e os 16 estados decidiram abrandar as restrições na semana passada, essa taxa de contágio estava em 0,65.
Angela Merkel disse que, por enquanto, não há a possibilidade de um segundo lockdown em todo o país, segundo a Deutsche Welle.
Itália
A Itália, um dos países mais afetados no mundo pelo novo coronavírus, também é um dos que implementaram as medidas mais rígidas de isolamento para frear a disseminação do vírus em seu território. Na semana passada, o país europeu abrandou algumas dessas medidas e agora está na chamada “Fase 2” da sua estratégia para a crise.
Desde a segunda-feira passada (4), os italianos voltaram a ter permissão, por exemplo, para visitar seus familiares, desde que eles morem na mesma região. A Fase 2 também permitiu a reabertura de vários negócios. Lojas que não vendem alimentos, medicamentos ou outros itens essenciais permanecem fechadas, no entanto.
Parques e fábricas estão abertos na Itália, e bares e restaurantes podem abrir para serviço de retirada. Todas as viagens entre as regiões do país continuam proibidas, exceto em casos de emergência ou situações de trabalho ou saúde. As restrições aos funerais foram reduzidas e agora até 15 pessoas podem participar. Os cultos religiosos e os casamentos ainda terão que esperar.
Estima-se que 4 milhões de pessoas voltaram ao trabalho na Itália na segunda-feira passada.
Temendo um aumento nos contágios, o prefeito de Milão ameaçou voltar a fechar locais abertos após a televisão mostrar grandes aglomerações e pessoas desobedecendo as regras de distanciamento social.
“As imagens de ontem em Navigli são vergonhosas”, disse o prefeito Giuseppe Sala, referindo-se a uma área de canal popular na cidade. “Ou as coisas mudam hoje, ou amanhã eu aprovarei medidas para fechar [o local] e encerrar os serviços de retirada em restaurantes. Isso não é uma brincadeira”, disse Sala, segundo o The Guardian.
A Itália, assim como outros países europeus, registrou um baixo número de novos infectados nesta segunda-feira, com apenas 744 testes positivos para o novo coronavírus. Esse é o menor número registrado desde que o governo isolou a região norte do país, primeiro foco da pandemia na Itália. O governo italiano ainda reportou 179 mortes. Ao todo, o país contabiliza 219.814 infectados e 30.739 mortes causadas pela Covid-19. Mais de 106 mil pessoas já se recuperaram da doença no país.
França
A França iniciou hoje a reabertura parcial da economia, após 55 dias de restrições. O governo do presidente Emmanuel Macron adotou um sistema de relaxamento regionalizado da quarentena. As áreas próximas a Paris, por exemplo, fazem parte da categoria "vermelha", a mais crítica na classificação adotada pelas autoridades francesas, e por isso não poderão alterar suas regras de isolamento social. Há ainda as classificações "amarelo" e "verde", cada uma representando um diferente estágio da pandemia nas 13 regiões administrativas do país.
Entre as medidas que deixaram de vigorar no país, os franceses não precisarão mais apresentar autorizações para deixar suas casas – com exceção de viagens acima de 100 km de distância. Além disso, universidades e colégios reabrirão nesta segunda.
O uso de máscaras é obrigatório no transporte público e nas escolas secundárias. As lojas têm o direito de pedir que os clientes usem máscaras de proteção. Reuniões de até dez pessoas serão permitidas, e idosos e pessoas vulneráveis poderão sair de casa.
Lojas, centros de lazer e cemitérios foram reabertos, com exceção de shopping centers em Paris, mas cafés, restaurantes e praias permanecem fechados. Segundo a BBC, não houve uma volta em massa de pessoas às ruas francesas no primeiro dia fora do lockdown e havia poucos clientes nas lojas.
Mais de 26,6 mil pessoas já morreram pela Covid-19 na França desde o início da pandemia, mas as hospitalizações diminuíram nas últimas semanas. No domingo, o país registrou o menor número de mortes desde que o início do lockdown em março – 70 óbitos nas 24 horas anteriores.
No total, a França confirmou 177.547 infecções pelo novo coronavírus e 56.835 recuperados da doença.
Reino Unido
O governo britânico também anunciou um relaxamento modesto das medidas de lockdown no Reino Unido e estabeleceu um plano para a retirada de mais restrições nos próximos meses. Em discurso televisionado no domingo (10), o primeiro-ministro Boris Johnson disse que, embora pessoas que não consigam trabalhar em casa desejem voltar a seus afazeres, "este não é o momento, simplesmente, de encerrar o lockdown nesta semana". Ele afirmou que seria "loucura" relaxar muito as restrições e permitir uma segunda onda de casos.
"Nós precisamos continuar a controlar o vírus e a salvar vidas", afirmou o premiê.
Autoridades regionais e políticos da oposição consideraram a estratégia britânica confusa e cobraram maior clareza por parte do governo. Nesta segunda-feira, o governo britânico divulgou um documento de 60 páginas que detalha as mudanças.
As regras anteriores não permitiam que as pessoas se encontrassem com amigos ou família. A partir desta quarta-feira, as pessoas poderão se encontrar com uma pessoa que mora em outra casa, por vez, mas apenas em espaços abertos e mantendo distância de dois metros, explicou o Guardian.
Antes, os britânicos podiam sair para se exercitar uma vez por dia. Agora, não há limites para exercícios ao ar livre. Esportes em equipe só podem ser praticados entre pessoas que moram na mesma casa.
As pessoas podem agora viajar para locais abertos para se exercitar, não importa a distância, desde que respeitem o distanciamento entre pessoas. No entanto, os cidadãos não podem viajar da Inglaterra para a Escócia ou o país de Gales, porque as suas regras são diferentes.
As pessoas devem continuar trabalhando de casa quando possível. Mas, a partir de quarta-feira, os trabalhadores de certos setores que não podem trabalhar de casa podem voltar ao trabalho, se esse estiver aberto. As escolas permanecem fechadas, exceto para filhos de trabalhadores essenciais e crianças vulneráveis.
Mais de 32 mil pessoas já morreram por causa do novo coronavírus no Reino Unido. O número de mortos só não é maior do que o dos Estados Unidos. Os casos confirmados de Covid-19 no Reino Unido somam 224.332, com 1.015 recuperados, segundo os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.
Espanha
A Espanha, país que está atrás apenas dos EUA no número de casos registrou seu menor aumento no índice de óbitos desde o início da pandemia no país. Segundo o governo espanhol, 123 pessoas morreram por conta do novo coronavírus, de ontem para esta segunda-feira. A Espanha ainda registrou 373 novos casos da doença. No total, o país acumula 227.436 pessoas com covid-19, além de 26.744 mortos pelo novo coronavírus.
O governo espanhol anunciou, em 4 de maio, um plano de quatro etapas para deixar o isolamento, um dos mais rígidos implementados na Europa. As restrições serão aliviadas em blocos de duas semanas até o dia 10 de junho em algumas partes do país. Madri, Barcelona, entre outras cidades que foram muito afetadas, permanecerão em lockdown por enquanto.
As mudanças incluem a reabertura parcial de escolas a partir de 26 de maio. Uma reabertura total das escolas não deve acontecer até setembro. A partir desta segunda-feira, clientes podem frequentar as áreas externas de bares e restaurantes, desde que sejam respeitadas as regras de distanciamento social e de limite de pessoas. Cinemas, teatros e outras casas de espetáculos poderão abrir depois de 26 de maio, com limite de 30% de sua capacidade. Shows ao ar livre poderão ser feitos com público de até 400 pessoas, também com regras de distanciamento.
Locais de culto religioso têm permissão para abrir a partir desta segunda-feira, com limites de público.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o país com o maior número de casos e mortes pelo novo coronavírus, a maioria dos estados impôs medidas de confinamento e restrições aos contatos sociais. O governo do presidente Donald Trump anunciou um plano com recomendações para que os estados retomem com segurança suas atividades econômicas, mas deixou a decisão final para os governadores. Alguns estados americanos já anunciaram a redução de algumas restrições.
O presidente Trump – assim como governadores democratas e republicanos – tem pressionado pela retomada das atividades econômicas, mas alguns economistas alertam para o risco de uma reabertura econômica muito rápida no país. Quando as medidas de confinamento entraram em vigor nos EUA, economistas previram uma jornada em forma de V para a economia – uma queda abrupta seguida por uma recuperação rápida quando o vírus sumisse e a economia se recuperasse. Outros previram uma recuperação mais lenta, em forma de U.
Agora, analistas temem que o relaxamento apressado das regras de isolamento poderia causar um pico de casos de Covid-19 que exigiria novo lockdown na economia, relatou a Associated Press. O resultado seria uma trajetória em forma de W, em que a tentativa de recuperação levaria a uma nova recessão antes da recuperação da economia.
Segundo a CNN, quase todos os estados americanos, exceto Connecticut e Massachusetts, fizeram planos para reabrir pelo menos parcialmente alguns negócios.
Entre os estados americanos que reduziram as ordens de isolamento estão o Texas, que permitiu a abertura de estabelecimentos incluindo salões de beleza, após quarentena de um mês, e o Missouri, que permitiu a reabertura da maioria dos negócios e lugares públicos na semana passada, apesar de um aumento na média de sete dias de novos casos de coronavírus, segundo o Washington Post.
No estado de Nova York, o mais afetado, com mais de 26 mil mortes, os casos confirmados e as hospitalizações estão em queda e atingiram os níveis de dois meses atrás, disse o governador Andrew Cuomo nesta segunda-feira. Por isso, o governador disse que partes do estado começarão uma abertura gradual na sexta-feira, quando a ordem de lockdown expira, noticiou a CNN. As regiões podem reabrir desde que atendam critérios de queda nas internações, capacidade de atendimento hospitalar, capacidade de testagem e de monitoramento de contatos.
Os Estados Unidos já registraram mais de 1,3 milhão de casos e 80 mil mortes pelo novo coronavírus. Mais de 232 mil pessoas já se recuperaram da doença no país, segundo a Universidade Johns Hopkins.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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