Cerca de 5 milhões de moradores deixaram Wuhan antes de o governo limitar a entrada e saída de pessoas da cidade devido à epidemia do novo coronavírus, na semana passada. Além de fugir do foco do surto, essas pessoas também viajaram por causa do feriado de ano-novo lunar na China, que foi ampliado até domingo (2) para que os chineses evitem, ou ao menos adiem, viagens de retorno para casa.
Nove milhões de moradores permaneceram em Wuhan após o bloqueio. Grandes cidades como Pequim, Xangai e Chongqing suspenderam os serviços de ônibus de longa distância, o meio mais barato para viajar na China, na tentativa de conter o fluxo de pessoas pelo país. A reabertura das escolas após as festividades foram suspensas por tempo indeterminado.
De acordo com o jornal South China Morning Post, das 2.700 pessoas que estão em observação em Wuhan, acredita-se que cerca de 1.000 provavelmente foram infectadas com o coronavírus. Até domingo, 533 casos haviam sido confirmados na cidade. Em toda a China, as autoridades de saúde do país confirmaram 81 mortos e mais de 2.700 casos de infecção pelo novo vírus.
Mais de 30 mil pessoas que tiveram contato com pacientes infectados estão em observação na China, segundo o governo. Também há registros da doença nos Estados Unidos (5 casos), no Canadá (1), na Austrália (4), na Europa (3), em Hong Kong (8), Macau (6) e em diversos países asiáticos (27).
O presidente chinês, Xi Jinping, qualificou a situação como grave e disse que o governo está fazendo esforços para restringir viagens e aglomerações, enquanto despacha equipes médicas para Wuhan.
Transmissão do vírus
Outra medida que está sendo adotada pelo governo chinês é a suspensão do comércio de animais selvagens no país. O primeiro caso da doença foi registrado nas proximidades de um mercado de frutos do mar em Wuhan, no centro da China, onde se vendiam animais exóticos, como ratos, serpentes e coalas. Locais de venda como este ficarão em quarentena e o governo alerta a população para não comer produtos oriundos de animais que foram caçados na natureza.
Biólogos indicam que há probabilidades de que o novo coronavírus tenha sido transmitido pelo contato com cobras ou morcegos selvagens, vendidos no mercado de Wuhan. Em 2003, quando houve uma pandemia da Síndrome respiratória aguda grave (Sars, na sigla em inglês), cientistas descobriram que o coronavírus causador da doença era proveniente de morcegos.
Depois de infectar um ser humano, o novo coronavírus é transmitido de pessoa a pessoa, como uma gripe. O ministro da Comissão Nacional de Saúde da China disse, segundo o South China Morning Post, que pesquisadores descobriram que o vírus pode ser transmitido até durante a fase de incubação, que dura de um a 14 dias - o que não acontecia com a Sars. Pessoas que não apresentam os sintomas de infecção, similares a uma pneumonia, podem estar transmitindo o vírus a outras pessoas. Os mais vulneráveis são idosos e pessoas com algum problema de saúde pré-existente, como diabetes e doenças do coração.