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Saúde

Pacientes infectados por coronavírus podem não ter sintomas e transmitir a doença

Equipes de saúde usam roupas de proteção para conter a propagação de um vírus letal surgido em Wuhan, China, ao lado de policiais em Tengzou, 27 de janeiro de 2020 (Foto: AFP)

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É possível que pessoas infectadas pelo novo tipo de coronavírus descoberto na China não apresentem sintomas - uma indicação de que pacientes podem transmitir a doença sem saber que estão infectados, o que pode dificultar a contenção do surto.

A conclusão é de um estudo publicado nesta segunda-feira (27) no periódico científico The Lancet por pesquisadores chineses. Os autores analisaram uma família de sete pessoas que foram a um hospital de Shenzen, China, com pneumonia. Um membro da família, um menino de dez anos, estava infectado pelo coronavírus mas não apresentava sintomas clínicos.

O vírus 2019-nCoV - como é chamado o novo tipo de coronavírus - foi identificado em cinco membros da família que tinham recentemente visitado Wuhan, a cidade chinesa onde surgiu o novo vírus. Apenas uma criança, que usou máscaras enquanto estavam em Wuhan, não estava infectada. O menino de dez anos que não tinha sintomas havia sido testado por precaução.

Até então, as autoridades de saúde afirmavam que as pessoas infectadas pelo vírus tinham sintomas de tosse e febre. O surgimento de um caso assintomático causa preocupação, enquanto as autoridades tentam controlar a propagação do coronavírus com medidas que incluem monitoramento em aeroportos e fronteiras. "Esses casos crípticos [escondidos] de pneumonia atípica podem servir como uma possível fonte para propagar a epidemia", alertam os autores do estudo.

"Como a infecção assintomática parece possível, o controle da epidemia também dependerá do isolamento dos pacientes, do rastreamento e da quarentena dos contatos o mais cedo possível, educando o público sobre higiene pessoal e de alimentos e garantindo que os profissionais de saúde cumpram as normas de controle de infecção", disse o pesquisador Kwok-Yung Yuen, do Hospital Shenzhen em Hong Kong, coordenador da pesquisa.

Os autores afirmam que casos assintomáticos de SARS também foram registrados durante o surto em 2004, embora fossem raros.

Aumenta número de mortes

Cerca de 5 milhões de moradores deixaram Wuhan antes de o governo limitar a entrada e saída de pessoas da cidade devido à epidemia do novo coronavírus, na semana passada. Além de fugir do foco do surto, essas pessoas também viajaram por causa do feriado de ano-novo lunar na China, que foi ampliado até domingo (2) para que os chineses evitem, ou ao menos adiem, viagens de retorno para casa.

Em toda a China, as autoridades de saúde do país confirmaram na noite desta segunda-feira 106 mortos e mais de 4.200 casos de infecção pelo novo vírus. Até ontem, o número de mortos era de 82 e o de infecções era de 2.887. Embora o crescimento seja grande, o número de pessoas afetadas é relativamente pequeno em relação aos 11 milhões de habitantes de Wuhan - onde o maior número de mortes foi registrado.

Uma pessoa morreu em Pequim pelo coronavírus, autoridades chinesas informaram nesta segunda-feira. É o primeiro caso de morte relacionada ao vírus na capital chinesa. O paciente era um homem de 50 anos que viajou a Wuhan em 8 de janeiro e teve febre uma semana depois, ao retornar a Pequim. Ele procurou assistência médica em 21 de janeiro e os médicos diagnosticaram a infecção pelo coronavírus no dia seguinte. O paciente morreu de falência respiratória.

A Alemanha confirmou, também nesta segunda-feira, o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus em seu território. É o segundo país da Europa a registrar casos do vírus; o primeiro foi a França, que confirmou três casos na semana passada.

Mais de 30 mil pessoas que tiveram contato com pacientes infectados estão em observação na China, segundo o governo. Também há registros da doença nos Estados Unidos (5 casos), no Canadá (1), na Austrália (4), na Europa (3), em Hong Kong (8), Macau (6) e em diversos países asiáticos (27).

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos aumentou o nível de precaução de viagens para a China nesta segunda-feira para o mais alto de três níveis: "alerta".

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