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Justiça

Coronel americano é acusado por abusos em Abu Ghraib

O Exército dos EUA acusou formalmente nesta sexta-feira o coronel Steve Jordan, ex-chefe de interrogatórios na penitenciária iraquiana de Abu Ghraib, por maltratar presos, interferir em investigações e outros crimes. Ele é o militar de mais alta patente já indiciado pelo escândalo e pode ser condenado a até 42 anos de prisão, segundo um porta-voz militar.

O Distrito Militar do Exército em Washington disse que Jordan enfrentará 12 acusações relativas a sete crimes. Os promotores dizem que ele submeteu os presos à nudez forçada e a intimidações por cães militares, e que posteriormente mentiu a investigadores a respeito dos fatos.

Dez soldados de baixa patente já foram condenados por abusos físicos e humilhações sexuais impostos aos detentos de Abu Ghraib. Dois oficiais inferiores a Jordan na prisão foram punidos pelo Exército, mas não enfrentaram acusações penais.

As denúncias contra Jordan incluem crueldade e maus-tratos a detentos, prevaricação, interferência indevida em investigação, prestação de declarações oficiais falsas e desobediência deliberada a oficial superior, entre outras. Jordan é reservista, atualmente a serviço do Comando de Inteligência e Segurança do Exército.

As imagens dos abusos - presos nus amontoados, outros encurralados por cães - vieram a público em 28 de abril de 2004, exatamente dois anos antes da formalização das acusações contra Jordan.

- É gratificante que os militares comecem a se dedicar ao papel de oficiais de mais alta patente no escândalo das torturas. Mas esse é só um passo. Os problemas são tão claramente sistemáticos que precisam ser examinados de forma mais ampla - disse Hina Shamsi, advogada da entidade nova-iorquina Human Rights First.

Promotores dizem que Jordan desobedeceu às ordens que recebeu de generais durante as investigações para não ter contato com outros envolvidos no escândalo. Afirmam ainda que Jordan não treinou e supervisou adequadamente seus subordinados e usou métodos não-autorizados contra os prisioneiros. Além disso, Jordan teria falsificado notas fiscais relativas a consertos de carros.

Shamsi pediu um exame atento do envolvimento do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e de outros dirigentes civis do Pentágono na criação das políticas que levaram aos abusos. Ela também cobrou punições ao general Ricardo Sánchez, então comandante dos EUA no Iraque, que no ano passado foi absolvido pela corporação de qualquer irregularidade no escândalo de Abu Ghraib.

- Uma das questões críticas que permanecem é a doutrina da responsabilidade de comando, segundo a qual os comandantes são responsáveis pelos atos de seus subordinados se souberem ou devessem saber que havia algo de errado ocorrendo e nada tenham feito para evitar - disse Shamsi.

O Exército retirou o cargo de comando, multou e advertiu no ano passado o coronel Thomas Pappas, ex-chefe de inteligência militar em Abu Ghraib. Também em 2005, a general Janis Karpinski, que dirigiu a prisão, foi rebaixada a coronel e afastada das funções de comando.

A próxima etapa de Jordan no sistema judicial-militar será uma audiência que decidirá se o caso chegará a uma corte marcial.

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