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Um grupo de oficiais militares de alto escalão declarou a tomada do poder em Madagáscar nesta quarta-feira, enquanto a ilha votava uma nova Constituição provisória, mas a liderança militar do país prometeu esmagar qualquer possível rebelião.

"Se ocorre um motim, temos que intervir. Não podemos negociar com quem se amotina", disse à Reuters pelo telefone o general da polícia militar Andrianazary após uma reunião de emergência de altos líderes militares no gabinete do primeiro-ministro.

O coronel rebelde Charles Andrianasoavina declarou à emissora de TV France 24 que seu grupo planejava tomar o palácio presidencial e fechar o aeroporto internacional, nos arredores da capital. Ele afirmou que seu grupo ainda não havia suspendido as instituições do governo, mas essa ainda era sua meta.

"Temos intenção de assumir o controle do palácio presidencial", disse ele. "Estamos perto do aeroporto internacional. Dependendo da situação, amanhã o espaço aéreo será fechado. Amanhã pretendemos tomar o aeroporto e impedir que qualquer pessoas deixe Madagáscar."

Anteriormente, ele havia dito, em um quartel nas proximidades do aeroporto, que "um conselho militar para o bem-estar do povo" tinha sido formado para governar o país -- a quarta maior ilha do mundo.

Andrianasoavina foi um dos principais defensores da tomada de poder pelo presidente Andry Rajoelina, em março do ano passado, quando Rajoelina derrubou Marc Ravalomanana.

Outro alto oficial partidário de Rajoelina na época também faz parte do grupo rebelde.

Os militares malgaxes estão divididos desde o golpe de 2009. Em maio, um grupo de policiais militares dissidentes tomou o controle de um acampamento militar por pouco tempo, antes de ser reprimido pelas forças de segurança.

Uma testemunha da Reuters disse que a situação estava calma diante do palácio presidencial, no centro de Antananarivo. Membros das forças de segurança têm estado nas ruas, monitorando a votação no referendo, visto como teste de confiança na liderança de Rajoelina.

A expectativa é que o primeiro-ministro, general Camille Vital, faça uma declaração pública em breve.

Os eleitores votaram em mais de 18 mil seções eleitorais que fecharam às 11 horas (horário de Brasília). A votação foi de modo geral pacífica, mas algumas pessoas reclamaram porque seus nomes não constavam das listas de eleitores.

BOICOTE DA OPOSIÇÃO

Depois de afastar o impopular Ravalomanana, no ano passado, com apoio militar, Rajoelina descartou a Constituição antiga, provocando turbulência na ilha, visada por investidores estrangeiros por seus depósitos de petróleo, níquel, cobalto e urânio.

Enviados internacionais mediaram uma série de acordos de partilha de poder entre Rajoelina, Ravalomanana e dois outros ex-presidentes, mas todos os acordos fracassaram por causa da disputa em torno de cargos ministeriais.

Os três principais partidos de oposição, cada um encabeçado por um dos ex-presidentes, estão boicotando a votação.

A nova Constituição reduz em cinco anos a idade mínima para candidatos à presidência, que passa para 35 anos, medida que regularizaria o governo de Rajoelina, que tem 36 anos, e lhe permitiria recuar em relação a uma promessa anterior de não disputar a próxima eleição presidencial, marcada para 4 de maio de 2011.

A lei proposta também não define prazos para as eleições presidenciais, o que, segundo críticos, possibilitaria a Rajoelina permanecer por tempo indeterminado à frente do país, celebrizado por seus lêmures e pelo filme de animação "Madagascar", da DreamWorks.

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