O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, que mesmo depois de morto continua polarizando a opinião pública do país, será cremado na terça-feira, depois de uma cerimônia militar.

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Parentes, amigos e a cúpula militar devem lotar uma capela de Santiago para se despedir do homem que comandou o regime repressivo de 1973 a 1990.

O corpo será cremado num lugar não revelado. Um filho de Pinochet disse que a família preferiu não enterrá-lo por temer que adversários profanassem o túmulo. Pinochet morreu no domingo, aos 91 anos, de problemas cardíacos.

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Nos últimos dias, fãs e detratores travam uma batalha retórica sobre o legado de Pinochet.

Seus seguidores dizem que o sangrento golpe de 1973 era necessário para livrar o Chile do caos, do comunismo e de uma possível guerra civil. Eles destacam também as reformas de livre-mercado adotadas pelo regime militar, que seriam a base para o longo período de estabilidade política e econômica que fez do Chile um modelo para a região.

Já seus oponentes o consideram um assassino que conseguiu morrer impune, apesar de todas as acusações de violações aos direitos humanos.

Mais de 3.000 pessoas foram mortas ou desapareceram durante o regime de Pinochet, cerca de 28 mil foram torturadas, e centenas de milhares de chilenos fugiram para o exílio.

O corpo de Pinochet está sendo velado desde a manhã de segunda-feira na imponente Escola Militar, na zona leste da capital, onde ele foi aluno.

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Cerca de 13 mil pessoas passaram pelo velório, e durante a noite a fila ainda era grande. A escola deveria ficar aberta ao público até 6h de terça-feira (7h, horário de Brasília) -nove horas depois do inicialmente previsto- para receber a multidão. O caixão de madeira e tampa de vidro está coberto por uma bandeira chilena, pelo quepe, pela espada e pelo casaco do general.

O governo negou honras de chefe de Estado no funeral de Pinochet, que terá apenas as honras militares. Marco Antonio Pinochet, filho mais novo dele, qualificou a decisão de ''pequena'' e afirmou que o governo de centro-esquerda ``foi incapaz de adotar uma postura nobre neste momento da história''.

``O maior perpetrador do genocídio na nossa história morreu'', disse a dona-de-casa Iris Henulef, 33 anos, que participava na segunda-feira de uma pequena manifestação contra Pinochet em Santiago.

``Isso me dá um pouco de paz. O fato de ele não estar mais aqui é importante para o nosso país, a nossa transição democrática e os nossos filhos.''

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