Brasileiros enterram 20 corpos por cova
Os militares brasileiros começaram a enterrar corpos de vítimas do forte terremoto que destruiu Porto Príncipe no último dia 12 em um terreno fora da capital. A informação é da Agência Brasil. Estão sendo abertas valas com 20 metros de extensão e dois metros de largura. Em cada uma delas, os militares depositam 20 corpos. Para tentar a identificação posterior, eles fotografam os corpos antes do enterro.
Somado ao esforço brasileiro para retirar os cadáveres do meio da cidade, já teriam sido enterrados 70 mil corpos. Os haitianos enchem caminhões e transportam os corpos amontoados para covas feitas às pressas nas imediações da cidade. Acredita-se que dezenas de milhares de vítimas ainda estejam soterradas sob os escombros.
Os sobreviventes resgatados não passam de 80, e os mortos no terremoto podem chegar até a 200 mil, segundo as estimativas mais pessimistas.
No dia em que o Exército encontrou mais dos corpos de militares brasileiros mortos no terremoto do dia 12 no Haiti, informou também que a previsão de chegada dos corpos ao Brasil é amanhã. Ainda há dois militares desaparecidos, e sobre eles o Exército não divulgou novidades. O avião que transportará os corpos aterrissará em Brasília.
As honras fúnebres serão feitas em Brasília, com a presença de parentes das vítimas. O comando do Exército afirmou que a busca pelo último desaparecido é prioridade para as tropas brasileiras. O quartel da Minustah em Porto Príncipe ficava em um hotel situado em local elevado, o que dificulta o acesso, sobretudo de equipamentos de grande porte usados para deslocar os escombros.
Na manhã de ontem, foi identificado o corpo do tenente-coronel Marcus Vinicius Macedo Cysneiros, um dos três militares brasileiros ainda tidos como desaparecidos desde o terremoto do último dia 12, no Haiti. O número oficial de brasileiros mortos no terremoto sobe, assim, para 18 incluindo dois civis, entre eles, a médica sanitarista Zilda Arns.
Segundo o Exército, Cysneiros servia no Gabinete do Comandante do Exército, com sede em Brasília.
No Haiti, ele atuava como observador militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).
O Exército não informou se continuam as buscas pelos outros dois militares tidos como desaparecidos: o major Márcio Guimarães Martins, do Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista, sediada no Rio de Janeiro, e o coronel João Eliseu Souza Zanin, do Gabinete do Comandante do Exército, sediado em Brasília.
Todos estariam desaparecidos após o desabamento da sede administrativa da missão de paz da ONU no país, liderada pelo Brasil, no Hotel Christopher, em Porto Príncipe.
Na sexta-feira passada, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ser "eufemismo" falar em desaparecidos e que considera os militares mortos.
Cely Zanin, mulher do coronel João Eliseu Souza Zanin, ainda tem esperança de rever o marido. Ela emitiu uma nota de repúdio à afirmação de Jobim. Intitulado "Repúdio à falta de respeito do ministro Jobim aos brasileiros", o comunicado diz que "ninguém tem o direito de tirar a esperança do meu coração, dos meus filhos, da nossa família e de nossos amigos."
No Orkut, os filhos do coronel expressam a sua fé: "Pai, aguenta firme. Eu sei que você vai sobreviver", diz o perfil de um dos adolescentes. Já a filha conta com o resgate possivelmente feito pelos colegas de Zanin: "Pai aguenta firme! Eles tão indo te buscar!! Seu anjinho tá com você!!! Aguenta!!!"
O coronel, que estava nas instalações da ONU que desabaram no momento do terremoto, chegara a Porto Príncipe 24 horas antes do tremor que devastou a capital.
À noite, o Exército confirmou também a morte do coronel João Eliseu Souza Zanini.
Feridos
O quadro clínico dos 16 militares que permanecem internados no Hospital Geral de São Paulo é estável e alguns estão em condições de terem alta hospitalar. "Todos permanecerão internados até o término do período de quarentena, para a realização dos exames complementares previstos para os militares que participam da Minustah", afirma o Exército, em nota.
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