O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta sexta-feira em entrevista exclusiva à AFP em Lima que existe o risco de que se deteriore a saúde física e mental do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado na Embaixada do Equador em Londres.

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Correa disse que a solução para o asilo concedido a Assange desde junho na embaixada equatoriana em Londres, está nas mãos da Grã-Bretanha, Suécia e das autoridades jurídicas europeias e enfatizou que houve conversações com Londres em busca de uma solução ao reclusão do fundador do WikiLeaks.

O presidente afirmou ainda que caso perca as eleições presidenciais de fevereiro de 2013, ele se retirará da vida pública.

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Quão graves são os problemas de saúde de Julian Assange?, perguntou a AFP a Correa.

"Não falo com ele desde que estive em nossa embaixada, mas a embaixadora me informou que ele tinha um pequeno problema pulmonar, nada grave", disse.

"Há o perigo de que seja deteriorada sua saúde física e mental por estar encarcerado em um espaço tão pequeno sem poder fazer exercícios ao ar livre. Isso complica a saúde de qualquer pessoa", disse.

Correa se referiu ainda às possíveis negociações entre seu governo e Inglaterra e Suécia com relação à possibilidade de conseguir um salvo-conduto que permita a Assange viajar ao Equador.

"Nós não negociamos com direitos humanos, não utilizamos essa palavra neste caso, mas houve permanentes conversações. A solução deste problema está nas mãos da Grã-Bretanha, Suécia e das autoridades jurídicas europeias porque o advogado de Assange, Baltazar Garzón, está fazendo uma série de procedimentos em diferentes instâncias europeias", mencionou.

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Caso a "Grã-Bretanha dê amanhã o salvo-conduto, isso acaba. E se a Suécia, como perfeitamente permite sua legislação e como foi feito em outros casos, interrogar o senhor Assange na embaixada do Equador em Londres ou o interrogar via Skype amanhã mesmo acaba este problema".

Com relação à candidatura nas próximas eleições presidenciais no Equador para buscar um terceiro mandato consecutivo, ele disse que vê essa possibilidade "com muito otimismo e alegria", ainda que às vezes seja um fardo bastante duro.

"Pessoalmente, jamais me interessei pelo poder, mas em situações tão injustas como a do Equador, com essa pobreza sócio-econômica, só se pode corrigir a partir do poder político. Meu movimento pólitico acreditou que eu seria a pessoa mais indicada para garantir essa provável vitória, pois temos que aceitar essa responsabilidade", disse.

"Caso eu vença, será meu último período na presidência e assim saímos da vida pública. Caso percamos, saio da mesma forma. É uma decisão", indicou.

AFP - Você teme que a estabilidade jurídica da região para os investimentos pode ser afetada pelos conflitos limítrofes existentes ou casos como a decisão da (Colômbia) de não acatar decisões de tribunais internacionais(sobre um referendo com a Nicarágua)?.

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Correa: "Não é tão assim: no momento no se acata essa decisão. É um problema entre um país sul-americano e um centro-americano. Os conflitos são inevitáveis, mas devem ser superados pela vontade de caminhar juntos. É preciso processá-los de forma ampla para superá-los e seguir adiante".

Correa se referiu também ao novo tratamento de saúde do presidente venezuelano Hugo Chávez em Cuba.

"Acabo de falar com o vice-presidente (venezuelano) Nicolás Maduro e ele me disse que ele (Chávez) viajou para um tratamento que já estava planejado, de rotina, e que irá esperar passar a campanha para voltar a Cuba. Não significa uma recaída no estado de saúde do presidente Chávez", comentou.

O chefe do Estado equatoriano participou na sexta-feira em Lima do VI Encontro de chefes de Estado e Governo da União de Nações Sul-americanas (Unasul) que foi concluído com pedidos por uma maior integração regional para sustentar o progresso, a igualdade e a segurança.

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