Quito O presidente do Equador, Rafael Correa, exigiu ontem que os 57 deputados destituídos pela Justiça Eleitoral aceitem essa decisão, intensificando a disputa de poder com o Congresso.
A cassação dos deputados foi uma reação a uma moção parlamentar que havia destituído o presidente do tribunal eleitoral, em meio a uma polêmica sobre um referendo para convocar uma Assembléia Constituinte.
O popular presidente entrou na briga fazendo um discurso na sacada do palácio presidencial a um grupo de estudantes. "Esses 57 parlamentares deveriam obedecer à lei por suas ações e deveriam ser substituídos por seus suplentes, é assim que deveria ser", afirmou Correa à multidão.
Os suplentes pertencem aos mesmos partidos dos deputados cassados, o que significa que o Congresso continuará sendo de oposição. Mas a renovação de mais de metade do Congresso unicameral de cem membros reduziria o poder de alguns oposicionistas influentes.
Mesmo sem apoio de nenhum partido tradicional, Correa foi eleito em novembro com a promessa de reescrever a Constituição para dar mais poderes ao povo, recurso já usado por dois outros líderes nacionalistas da região, o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales. A disputa mostra as dificuldades do carismático Correa em impor a estabilidade política num país que teve oito presidentes em uma década.