Quito Resultados preliminares de contagem rápida da eleição de domingo no Equador dão ao Aliança País, partido do presidente Rafael Correa, pelo menos 70 das 130 cadeiras que vão compor a Assembléia Constituinte do país. Os números, divulgados ontem pela ONG Participação Cidadã, não são oficiais, mas devem ser confirmados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) no dia 11.
Para o analista Marco Romero Cevallos, professor de estudos sociais da Universidade Andina Simón Bolívar, em Quito, a obtenção da maioria dos assentos da Constituinte dá a Correa pleno controle do órgão, pois, para aprovar os projetos, serão necessários os votos de pelo menos 66 deputados constituintes.
"Os resultados preliminares dão a Correa a maioria suficiente para colocar em prática a agenda de reformas constitucionais prometidas durante sua campanha", disse Cevallos.
De acordo com o analista, a votação de domingo fortaleceu a imagem do presidente equatoriano. "Correa sai desta eleição como a figura mais importante do país, responsável pelas mudanças que o Equador precisa", observou.
Responsabilidade
O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006), que participou do processo eleitoral da Constituinte equatoriana como observador internacional, afirmou que com a vitória do Aliança País, uma grande carga de responsabilidade cairá sobre Correa.
"A eleição de domingo deu ao presidente um mandato forte e uma enorme responsabilidade porque não terá a quem culpar se suas reformas não funcionarem", disse Toledo.
Em entrevista concedida ontem, Correa afirmou que a nova Constituição a 20.ª do país não terá a sua "marca registrada". "Não será uma Constituição de Rafael Correa, nem do Aliança País", disse.
A Constituinte será instalada no dia 31 e funcionará durante 180 dias podendo ter seu prazo prorrogado em até dois meses. Para entrar em vigência, a Constituição deverá ser aprovada em um referendo previsto para o ano que vem.
Correa descartou a possibilidade de seguir modelos políticos estrangeiros na condução do fórum constitucional, em uma clara resposta às acusações da oposição de que tentaria impor um modelo de governo parecido ao de seu colega venezuelano Hugo Chávez.