Depois da vitória fácil no referendo que aprovou uma nova Constituição, o presidente do Equador, Rafael Correa, prometeu nesta segunda-feira (29) valer-se de seus poderes ampliados para controlar melhor a economia do país.
Correa, um economista que estudou nos EUA e que é aliado do presidente de esquerda da Venezuela, Hugo Chávez, repetiu sua plataforma nacionalista ao prometer ser duro com os investidores estrangeiros, especialmente no forte setor de petróleo do país.
O dirigente avisou aos credores que só fará pagamentos de parcelas da dívida se tiver dinheiro suficiente depois de ter gastado parte da renda do petróleo com programas de saúde e educação voltados para a maioria pobre do país andino.
Correa disse ainda às empresas de petróleo estrangeiras que as impediria de reduzir seus investimentos no Equador, um membro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), ao obrigá-las a alterar seus contratos a fim de entregar uma fatia maior de seus lucros ao governo. E o presidente descreveu um rígido projeto tributário para o nascente setor de mineração do país.
No entanto, e apesar de suas declarações duras, Correa evitou anunciar políticas mais radicais e assegurou os investidores de que evitaria um calote da dívida ou a nacionalização do setor petrolífero.
A nova Constituição representa um marco fundamental na campanha do presidente para ampliar a participação estatal nos lucros auferidos pelos setores petrolífero e minerador. A Carta Magna também ajudará o presidente em seus esforços para debelar a instabilidade política no Equador, onde se elegeu dois anos atrás prometendo tirar do poder as elites corruptas.
A vitória no referendo deste domingo (28) centraliza os poderes ao redor dele e o permite disputar uma reeleição em 2009. A instabilidade política no país assistiu a presidentes serem afastados do cargo por manifestações de rua, pela ação de militares e pela ação do Congresso.
Na década que antecedeu a chegada de Correa ao governo, houve oito presidente equatorianos e nenhum deles conseguiu finalizar seu mandato.
A oposição, atualmente dividida, acusa o presidente de ter amealhado "superpoderes" e de pretender tornar-se um ditador.
A nova Constituição também deixou apreensivos os investidores porque aumenta o controle do Estado sobre o setor monetário e sobre as políticas energéticas. Algo semelhante já havia ocorrido na Bolívia e na Venezuela.
Não obstante as críticas, o texto viu-se aprovado por seis de cada dez eleitores. E Correa descreveu o resultado como uma "vitória histórica."
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