O presidente do Equador, Rafael Correa, assumirá nesta segunda-feira (10) um novo mandato, com poderes reforçados e o desafio de que as consequências da crise global não o impeçam de aprofundar sua "revolução socialista".
Em seu novo mandato de quatro anos, Correa deve promover reformas em setores-chave da economia, para obter mais recursos para os seus projetos sociais e para aumentar o controle estatal sobre áreas hoje privadas. Para isso, terá poderes ampliados, conforme a nova Constituição aprovada em 2008.
"Vamos aprofundar e radicalizar a revolução cidadã (.). Nada nem ninguém deterão o furacão da soberania e da dignidade", disse recentemente Correa a centenas de seguidores.
Radicalizando seu discurso, ele recentemente ameaçou responder militarmente à Colômbia caso se repita uma incursão como o bombardeio do ano passado contra um acampamento da guerrilha Farc em território equatoriano, o que levou a um rompimento das relações bilaterais.
Correa, um economista formado nos EUA e na Europa, com popularidade em torno de 50 por cento, terá de decidir também se declara uma moratória da dívida ou se renegocia empréstimos de organismos multilaterais que ele considera "ilegítimos".
Com esse argumento, Correa já renegociou parte da dívida do país, que é o menor membro da Opep.
Embalado por suas cinco vitórias eleitorais desde que assumiu o poder, em 2007, o carismático político também tem tratado agressivamente as empresas multinacionais, e agora promete mão firme contra os "abusos" cometidos por empresas estrangeiras e locais - o que nesse caso inclui grupos de comunicação, banqueiros e empresários, a quem acusa de desestabilizar o governo.
O fato de Correa enfrentar pouca oposição na Assembleia Nacional e ter vencido a reeleição em primeiro turno - num país que viu três presidentes encerrarem prematuramente seus mandatos na última década - são prenúncios de que Correa manterá sua força política.
Já no campo econômico ele teve de contrair uma nova dívida multilateral para proteger os investimentos em saúde, educação e infraestrutura, em meio aos efeitos da crise global, que reduz as vendas de petróleo e o envio de remessas financeiras de equatorianos no exterior, duas das principais fontes de divisas do país.
"A crise é o pior inimigo, porque reduz a possibilidade de manejar recursos com relativa facilidade", disse Francisco Rocha, diretor da consultora local Informark. Recentemente, o governo aumentou a ajuda estatal direta para milhares de equatorianos pobres, prometendo inclusive a expropriação de terras ociosas para distribuí-las a comunidades indígenas, junto com crédito e ajuda tecnológica.
Ele também promove um imposto sobre o patrimônio, as instalações elétricas e a saída de capitais. Seus adversários dizem que posturas antimercado do presidente afugentam os capitais externos e sinalizam que Correa segue os passos do polêmico presidente venezuelano Hugo Chávez.
Equador e Venezuela, aliás, reforçaram seus laços econômicos com países que costumam antagonizar com os EUA, como Rússia, China e Irã. Só que Correa nos últimos tempos baixou o tom de suas críticas a Washington, depois de se negar a firmar um tratado de livre comércio e de expulsar uma base militar norte-americana do território equatoriano.
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