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Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi atingido na orelha em um ataque durante comício na cidade de Butler, na Pensilvânia.
Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi atingido na orelha em um ataque durante comício na cidade de Butler, na Pensilvânia.| Foto: EFE/EPA/David Maxwell

O cenário caótico e polarizado da eleição americana ganha contornos de dramaticidade com o atentado ao ex-presidente Donald Trump, neste sábado (13).

A cena emblemática do candidato republicano com o rosto ensanguentado e punhos erguidos gritando "Lutem" vem sendo usada por apoiadores e certamente repercutirá na corrida presidencial.

Enquanto era retirado pelos agentes do palco, membros da plateia gritavam em aprovação “EUA! EUA!”. Trump foi rapidamente conduzido para seu SUV e levado ao hospital. As imagens correram o mundo.

O ex-presidente estava visitando o estado “pêndulo” – que pode votar para republicanos ou democratas - da Pensilvânia em seu último comício antes da convenção do Partido Republicano, nesta segunda-feira, 15 de julho, quando deverá anunciar a escolha de seu vice-presidente. Avaliações apontam que aumentaram as chances dos senadores Marco Rubio e Tim Scott para o cargo.

Nas redes sociais brasileiras, internautas já fazem o paralelo com o atentado a faca sofrido por Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, em 2018. Naquele ano, os opositores do então candidato passaram a poupá-lo de ataques, colaborando para sua eleição.

Analistas concordam com fortalecimento de Trump

Analistas do mundo inteiro tentam prever os impactos do ocorrido. Há consenso que o episódio irá ajudar Trump em seu discurso a favor da lei e da ordem.

Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM avalia que o episódio demonstra o quanto a violência faz parte do processo político americano, o que deveria gerar uma reflexão de ambos os partidos.

E destaca que o principal impacto é o fortalecimento de Trump. "Ele [Trump] sai como alguém que superou um grande desafio, demonstrando virilidade e energia, em contraste com a fragilidade demonstrada por Biden", disse à Gazeta do Povo.

Paulo Velasco, professor de política internacional na UERJ, disse à Globonews, no sábado, que não há dúvidas de que o ex-presidente deve usar o episódio a seu favor.

"Ele deve dizer que muitas das críticas que eram feitas a ele acabaram estimulado a ação de um radical”, afirma. Além disso, para Velasco, Biden e os democratas devem dar uma trégua aos ataques a Trump.

Pressão sobre Biden pode se intensificar

Uriã Fancelli, especialista em relações internacionais pelas universidades de Groningen e Estrasburgo, destacou a intensificação dos que defendem a possível desistência da candidatura de Joe Biden na última semana. Ele frisou o benefício para Trump.

"Agora, Trump mostrando resiliência, ele vai se apresentar como figura heroica e, que apesar dos desafios, continua a lutar pelos seus ideais”, disse à Globonews.

Para Holzhacker, Biden não poderia desistir neste momento, considerando a gravidade do ocorrido e das falhas de segurança evidenciadas. "Ele é o comandante em chefe do país", afirma. Para ela, ainda são muitas as dúvidas em relação ao atirador e às motivações.

Por outro lado, ela acredita que, passado o impacto, a pressão pela desistência de Biden pode aumentar, especialmente a partir da proximidade da convenção democrata, em agosto.

O cenário para o presidente americano é muito complexo, avalia. "Biden precisaria achar um discurso para se contrapor a Trump em termos de políticas públicas", diz. "Pode retomar a questão do controle das armas, argumentando ser uma forma de evitar violências parecidas ou tentar capitalizar o apoio dos mais jovens que não votam em Trump".

Cesar Roedel, consultor de Relações Internacionais destaca que a candidatura de Biden já estava por si só debilitada. "Trump já estava em condição de vantagem, ainda mais agora, com a comoção", diz. "É até triste e constrangedor manter o presidente do país tão fragilizado assim exposto."

Para Carlos Poggio, pesquisador na área de relações internacionais e professor da Berea College, nos EUA, que fez paralelo com outros momentos violentos da história política dos EUA, pode haver consequências positivas para a redução da polarização no país.

"Eu acho que se tem um efeito talvez positivo deste atentado, dessa violência toda que estamos assistindo, talvez seja isso, de o país de alguma forma se unir, de um país que está muito dividido."

Mercado deve reagir ao fortalecimento de Trump

O mercado financeiro espera a reação positiva de ativos negociados na Bolsa de Valores, nesta segunda-feira (15). A expectativa é do aumento da busca de ativos tradicionais de refúgio ao risco. Também crescerão as apostas em ações mais relacionados às chances de Trump de vencer a corrida pela Casa Branca, depois de ter sobrevivido ao atentado.

“Sem dúvidas, haverá fluxos em busca de ativos de proteção ao risco já observado na Ásia nas primeiras horas da manhã”, disse Nick Twidale, analista chefe de mercado da ATFX Global Markets ao Infomoney. “Suspeito que o ouro possa testar máximas históricas, veremos o iene sendo comprado, assim como o dólar, e fluxos para os títulos do Tesouro também.”

Um indicador revelador do sentimento de mercado no fim de semana é a alta do Bitcoin, que superou os US$ 60.000. Trump tem postura assumidamente pró-cripto.

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